Trump ameaçou impor tarifas à Europa por crise com Irã
São Paulo
- O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou na semana passada impor uma tarifa de 25% contra a indústria automobilística europeia se a França, a Alemanha e o Reino Unido não denunciassem o Irã por romper o acordo nuclear. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (15) pelo jornal “The Washington Post”, que cita uma fonte anônima dentro do governo americano.
A medida representaria uma pressão inédita exercida pela Casa Branca contra seus mais tradicionais aliados no planeta. Segundo a publicação americana, diplomatas europeus classificaram a ameaça de Trump de extorsão.
Os três países europeus denunciaram formalmente Teerã na terça (14) por violar os termos do pacto nuclear de 2015, pelo qual o Irã se comprometeu a reduzir sua capacidade de produção nuclear -nenhum deles citou uma possível pressão americana ao justificar a ação.
De acordo com o “Washington Post”, os europeus já estudavam denunciar Teerã antes da pressão americana e após receberem a ameaça de
Trump, cogitaram desistir da medida para não parecerem fracos. Em vez disso, porém, os diplomatas dos três países concordaram em manter em segredo a ameaça de Trump e seguir com o plano de denunciar o acordo nuclear.
Com isso, serão realizadas reuniões entre representantes iranianos e europeus para tentar resolver a questão. Caso não haja consenso, o tema será levado ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), que poderá reaplicar sanções contra Teerã, que haviam sido suspensas devido ao acordo internacional, firmado em 2015.
Atualmente, o Irã é alvo de sanções dos EUA. Medidas similares decididas pela ONU aumentariam o isolamento internacional do país. O processo de resolução dessa disputa pode levar até dois meses, caso não haja acordo nas etapas iniciais e seja necessário cumprir todo o caminho previsto no pacto.
Os três países europeus disseram que agem de boa-fé, que buscam uma maneira de evitar a proliferação nuclear e que defendem que o acordo de 2015 volte a ser cumprido. Ressaltaram ainda que não estão se juntando à política de “máxima pressão” tocada pelos EUA. A União Europeia, que atua como garantidora do acordo, disse que o bloco não pretende retomar sanções contra o Irã.
Após o anúncio europeu na terça, o Irã advertiu os europeus que ativar o mecanismo do acordo pode trazer consequências, mas que está aberto a conversar. “Se os europeus buscam abusar [deste mecanismo], precisam estar preparados para aceitar as consequências, que já lhes foram notificadas”, disse um comunicado da chancelaria iraniana.