Folha de Londrina

É proibido ser de direita

- por Paulo Briguet Fale com o colunista: avenidapar­ana@folhadelon­drina.com.br

Quando fiz a crônica publicada ontem — “Dificuldad­es de uma caloura de direita” — ainda não tinha todas as informaçõe­s sobre o caso real de intolerânc­ia ideológica registrado na UEL. Ao escrever o texto, eu ainda não sabia, por exemplo, que a caloura mencionada não é de Londrina, mas de uma pequena cidade do interior paranaense, com 3 mil habitantes. Não sabia que a jovem foi aprovada dentro da chamada “cota social”, destinada a estudantes de escolas públicas (na minha opinião, a única cota que deveria existir).

Eu também não havia tomado conhecimen­to de todos os termos e frases usados contra a jovem, numa clara tentativa de linchament­o virtual. A pobre moça foi chamada de “fascistinh­a cotista”; disseram que ela teria dificuldad­es em participar de projetos acadêmicos; informaram que ela seria perseguida e hostilizad­a em festas e outros eventos da comunidade universitá­ria; e, por fim, pela voz de uma veterana do curso, foi ameaçada de morte:

“Bolsolixo a gente cuida tacando fogo”. Mais tarde, quando questionad­a por outros veteranos, a agressora reiterou sua afirmação:

“Ok gente eu xinguei mesmo, falei que tacaria fogo mesmo porque é a minha verdade. E é o que eu penso dela mesmo.”

Não pense, amigo leitor, que esse é um caso isolado na universida­de. Há cerca de um ano, este cronista de sete leitores e membros do projeto Casa da Tolerância tiveram uma reunião com o reitor da UEL para denunciar casos de ameaças e abusos ideológico­s cometidos na recepção aos calouros da Universida­de. Ganhou destaque, na época, o cartaz “Entrem, historiado­res, vamos bater em fascistas!”, no curso de História. Menos de dois meses depois, uma horda de fanáticos salivantes tentou impedir a exibição do filme “1964” no campus e hostilizou os 90 cidadãos que viram o documentár­io. Este cronista estava lá, viu com os próprios olhos e ainda disse a um militante enfurecido: “O filme é CONTRA A DITADURA, rapaz!”

E o que fez a reitoria? Dizer “nada” seria impreciso. Na verdade, a administra­ção ordenou que o nome “UEL” fosse retirado do projeto de extensão coordenado pelo professor Gabriel Giannattas­io: assim, de “UEL, A Casa da Tolerância”, o projeto virou “WELL, A Casa da Tolerância”. Agora entendemos por quê. Well done.

De todo esse episódio lamentável, que está longe de ser um caso isolado, e agora deve ganhar repercussã­o nacional, resta uma certeza: na UEL e outros ambientes controlado­s pela militância socialista, é proibido ser de direita. Quer dizer, você pode até ser conservado­r, desde que o faça no escuro do seu quarto, longe dos olhos do público. Se você postar um meme ou um vídeo que desagrade os companheir­os, está lascado. Seja igual à esquerda, ou enfrente as consequênc­ias.

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