Governadores reagem a Bolsonaro
Governadores articulam uma campanha nacional por conta própria, em reação à propaganda lançada pelo governo Jair Bolsonaro (sem partido) que diz que o “Brasil não pode parar”.
A sequência de declarações do presidente fez aumentar de forma relevante a pressão de comerciantes em cima dos estados para a reabertura dos serviços.
A ideia é criar peças publicitárias para confrontar a narrativa do presidente e colocar o cuidado com as vidas como a atenção mais importante do momento. Os governadores querem defender as decisões tomadas até agora e falam em revisões de acordo com a curva do avanço do coronavírus.
Quase todos os estados tomaram medidas restritivas, bem como diversas prefeituras, seguindo orientações do Ministério da Saúde.
Conforme publicou o jornal Folha de S.paulo, as falas do presidente geraram pressão dos secretários estaduais de Saúde em cima do ministro Luiz Henrique Mandetta. A reunião desta quinta-feira (26) teve bate-boca. O governo Jair Bolsonaro considera o isolamento parcial um princípio, e não possui nenhum estudo técnico para embasar a defesa que vem fazendo da medida no combate ao contágio do novo coronavírus.
Isolamento parcial, ou vertical como vem sendo chamado, consiste em retirar do convívio social apenas os grupos mais suscetíveis a mortalidade pela Covid-19, como pessoas acima de 60 anos e portadores de doenças como hipertensão e diabetes sem controle.
A defesa da medida está na base do discurso de Bolsonaro, que vem insuflando atos em favor da volta ao trabalho para evitar maiores danos à economia com períodos de quarentena. São Paulo, mais populoso estado e centro da pandemia no país, ficará até 7 de abril com os serviços não essenciais fechados.
Em reuniões com secretários estaduais de diversas áreas, autoridades federais admitem que não há um estudo para justificar a medida.
Na sexta (27), por exemplo, o secretário especial de Emprego e Competitividade do Ministério da Economia, Carlos da Costa, foi confrontado por autoridades estaduais sobre o tema. Segundo ele, o isolamento parcial é “um princípio” do governo federal ao qual os estados deveriam se ajustar.