Folha de Londrina

Crianças em quarentena: o que fazer?

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Mãe de Pietra, de 3 anos, e Waltinho, de 4, e à espera de Matteo, Isanna Zamarian aboliu a TV e o tablet da rotina dos pequenos. Com apoio do marido, o cirurgião plástico Walter Zamarian Junior, Isanna se dedica a atividades que envolvem a leitura, os esportes e, entre outras ações, cozinhar com as crianças. Nesta entrevista à FOLHA, ela conta um pouco mais sobre a rotina e os desafios diante das crianças sem aula e em casa em dias de isolamento social. Confira.

O que a motivou a tirar a

TV e o tablet da rotina das crianças? Quando eles tinham um ano e meio, dois anos, deixávamos eles assistirem à TV e ficarem no tablet, mas não mais que 40 minutos. Sempre fomos muito rigorosos em relação a isso. Gosto de ler muitos livros e, quando li “Educar na curiosidad­e”, de Catherine L’ecuyer, foi um soco em meu estômago. Nunca tive babá, nem minha mãe por perto, ela mudou de cidade logo quando o Waltinho nasceu. Nesse sentido, sem essa rede de apoio, sempre me virei sozinha. Achava que não fazia mal aquela meia horinha, 40 minutos, controláva­mos muito os conteúdos, ficávamos em cima. O livro me impactou de modo que decidi tirar esse pouco que a gente dava para eles.

E como se deu esse processo?

Tirar a TV e descartar o tablet da rotina das crianças foi como tirar a chupeta. Explicamos, tiramos e nunca mais demos.

Waltinho e Pietra

E as reações?

No início, foi difícil. Eles reclamaram, chiaram, mas nos mantivemos firmes na posição. As crianças não tiveram muito o que contestar.

A quais atividades se dedica com as crianças?

Por estar junto das crianças, sempre gostei de dar muitas atividades às crianças, investindo em jogos, pinturas, lápis de cor, canetinha, massinha. Desta forma, gradualmen­te aconteceu a substituiç­ão. No começo, foi difícil, mas as crianças passaram a interagir muito mais na casa. Sempre gostei de cozinhar, é meu hobby favorito. Incluo eles na preparação de refeições, com minha supervisão.

Qualorefle­xo,emseudiaad­ia?

A curiosidad­e do Waltinho e da Pietra, antes abafada pelas telas, despertou. Eles são muito curiosos, perguntam sobre tudo e isso é muito bom.

Você já estava pronta para a quarentena, não?

Aqui em casa, já tínhamos, de fato, um ambiente propício para enfrentar este período. Entendo que, nesta crise, não dá para tirar a TV e o tablet da noite para o dia, mas pode ser algo gradual, sem estresse. Apesar de este ser um momento de ficar em casa, sempre priorizamo­s um esporte. Meus filhos sempre gostaram de bike e, nos últimos dias, a Pietra, com 3 anos e quatro meses, começou a andar de bike de pedal, sem rodinhas.

Quais suas dicas para este período de reclusão?

Se você tem funcionári­a e está sem, se sua mãe está no grupo de risco e não pode estar presente, acredito que, neste período de reclusão, as palavras-chave são rotina e regra. Isso dá segurança aos pais e às crianças. Não sabemos quanto tempo vai durar a quarentena, então ter horário para acordar, trocar de roupa e não ficar de pijama até as tantas é muito importante. Agora, que eles estão sem ir à escola, cada um arruma sua caminha. Permitir que a crianças participem da rotina da casa já preenche um bom tempo desta agenda. As crianças me ajudam com a mesa do café da manhã, que tomamos juntos e estamos liberados para as atividades. No fim da tarde, ou eu ou o Walter sentamos com as crianças e lemos para elas. Elas gostam tanto que chegamos a ler uma hora, direto. A leitura é um vínculo muito forte e nossa atividade número um com as crianças.

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