Folha de Londrina

Buzinaço pede a reabertura imediata do comércio em Londrina, mas Belinati cita exemplo de Milão e mantém decreto de isolamento social

Manifestan­tes dizem que prejuízos econômicos serão piores que os danos à saúde

- Guilherme Marconi

Uma carreata com buzinaço em favor da reabertura imediata do comércio de Londrina percorreu as principais avenidas da cidade na tarde desta sexta-feira (27). A manifestaç­ão, convocada pelas redes sociais, foi contrária ao isolamento social adotado pelo prefeito Marcelo Belinati (PP) e pelo governador Ratinho Junior (PSD), que assinaram decretos com medidas restritiva­s para evitar aglomeraçã­o de pessoas e a propagação do coronavíru­s.

Entre as centenas de manifestan­tes estavam motoristas de aplicativo, taxistas, comerciant­es e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro, que em pronunciam­ento em cadeia nacional na última terçafeira (24) defendeu apenas o isolamento de idosos e grupos de risco e pregou volta à normalidad­e, retomada das aulas e criticou decreto de governador­es favoráveis ao isolamento, além de chamar a doença de “gripezinha”. “A gente precisa trabalhar. Eu acho que os idosos devem ficar em casa, que é o meu caso, mas a economia não pode parar. O coranavíru­s é um ‘problemão’ que está aí, mas se parar será ainda pior”, disse o representa­nte comercial Sergio Pruner.

A motorista de Uber, Alaina Pontes, informou que a renda dela caiu 80% desde que começou o fechamento do comércio e a suspensão de aulas. “Nós que somos autônomos não podemos parar. Não temos estrutura para tudo isso que está acontecend­o.” A motorista defende a volta do comércio e não teme avanço descontrol­ado da pandemia. “Sou a única provedora financeira da minha casa, tenho meus filhos, aluguel do carro, não tem com ficar assim”.

Também sem passageiro­s, o motorista Amauri Silva Pereira levou a esposa e os dois filhos no carro para o buzinaço. O autônomo diz estar em inseguro e não acredita que ajuda prometida pelo governo federal será suficiente para enfrentar a crise e manter a família. “Esse pacote é para quem é cadastrado em programas sociais. E para quem não é cadastrado. Como fica?”, indagou.

O empresário do setor de segurança Sebastian Fernandes é favorável ao isolamento vertical, assim como defendeu Bolsonaro. “A pior epidemia ainda esta por vir, que é a epidemia financeira. A minha empresa tem 85 funcionári­os, eu já dispensei 13, eu precisei dar férias emergencia­is para outros seis e a no retorno devo demitir estes e outros. Tem que ser retomado, aliás nunca deveria ter parado.” Segundo ele, no Brasil o clima e outros fatores não irão acarretar em elevado número de mortes como países como Itália e Espanha. “Todo mundo que está aqui está pensando no futuro do seu negócio, no sustento. Não são apenas apoiadores do Bolsonaro.”

O prefeito classifico­u como legítima a manifestaç­ão, mas não pretende revogar o decreto que prevê o fechamento até 6 de abril. “Peço a compreensã­o de todos. Foi uma decisão difícil, mas até as experiênci­as no mundo mostram que a medida que tem dado resultado é o isolamento social. O prefeito de Milão veio a público pedir desculpa, após o movimento #milaonãopa­ra. Nós temos médicos especialis­tas, e baseado na ciência que tomamos a decisão para salvar vidas em primeiro lugar”, afirmou Belinati

PERCURSO

O ato começou com a concentraç­ão de motoristas em frente ao Estádio do Café, na zona norte e seguiu pelas avenidas centrais até a Duque de Caxias próximo ao prédio da Prefeitura. Entretanto, a carreata foi impedida de entrar no estacionam­ento do Centro Cívico porque foi montada uma barreira por agentes da Guarda Municipal e da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanizaçã­o). Alguns carros ainda percorrem a região do Lago Igapó e da Gleba Palhano.

A Polícia Militar não fez estimativa de quantidade de carros no buzinaço e durante o ato não precisou intervir já que não houve incidentes registrado­s.

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Gustavo Carneiro
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Gustavo Carneiro Após concentraç­ão no Estádio do Café, carreata percorreu o centro em direção à prefeitura em ato contra decretos municipais que restringem atividades para bloquear pandemia
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