‘O dia em que a Terra parou’
Com letra premonitória, música de Raul Seixas tem busca triplicada nas plataformas digitais depois que a pandemia do Covid-19 parou mesmo o planeta volta a fazer sucesso
INSPIRAÇÕES APOCALÍPTICAS
Não é de hoje que os compositores brasileiros buscam inspirações apocalípticas na hora de criar suas canções. Em 1938, Assis Valente (1911-1958) apostou no bom humor e acabou dando vida a um dos chorinhos mais famosos da MPB. De forma divertida, a música “E o mundo não se acabou” conta a história de alguém que fez loucuras ao acreditar na chegada do apocalipse. Ao longo das décadas, a música ganhou inusitadas versões gravadas por nomes como Carmen Miranda, Ney Matogrosso, Adriana Calcanhotto e Paula Toller.
“Pensei que o mundo ia se acabar E fui tratando de me despedir E sem demora fui tratando de aproveitar Beijei na boca de quem não devia Peguei na mão de quem não conhecia Dancei um samba em traje de maiô E o tal do mundo não se acabou”.
(Trecho de “E o mundo não se acabou” - Assis Valente)
Acometido na infância pela temida gripe espanhola que matou cerca de 50 milhões de pessoas no mundo todo, Nelson Cavaquinho (1911-1986) compôs na fase adulta um samba arrepiante que tem uma das melodias mais sombrias que já se viu no universo dos bambas, apesar da letra esperançosa. Composta em 1937 em parceria com Élcio Soares, a música “Juízo Final” se tornou em clássico que já foi regravado por nomes como Alcione, Zizi Possi e Clara Nunes.
“É o juizo final A história do bem e do mal Quero ter olhos pra ver A maldade desaparecer”
(Trecho de “Juízo final” Nelson Cavaquinho e Élcio Soares)
Já na década de 1990, Paulinho Moska e Billy Brandão compuseram “O último dia”, música que fez parte da trilha sonora da novela O Fim do Mundo, exibida pela Rede Globo em 1996. A canção levanta a dúvida sobre o que fazer nos momentos finais da vida.
“Meu amor O que você faria se só te restasse um dia? Se o mundo fosse acabar me diz o que você faria?” (Trecho de “O último dia” Paulinho Moska e Billy Brandão. GOSTO DUVIDOSO
Se no passado a possibilidade da chegada do fim do mundo rendeu clássicos à música popular brasileira, o mesmo não pode se dizer dos tempos atuais. Em ritmo de axé e inspirado no coronavírus, o cantor Bruno Magnata, vocalista da banda La Fúria, postou um vídeo com a música “Senta no álcool gel”: “Passa o álcool gel/ banho de álcool gel/ dorme com álcool gel/senta com álcool gel”. O grupo é o mesmo que há dois anos fez uma música que debochava do ator Fábio Assunção. No Rio de Janeiro, MC Tchelinho lançou o “Funk do Coronavírus”. Segundo ele, a música traz mensagens direcionadas às comunidades carentes do país: