Folha de Londrina

Câmara avalia efeitos da quarentena

Vereadores ouvidos pela FOLHA divergem sobre prolongame­nto do isolamento social; grupo de parlamenta­res se reúne para discutir participaç­ão do Legislativ­o no enfrentame­nto à crise

- Guilherme Marconi

O isolamento social defendido pelo prefeito Marcelo Belinati (PL) e firmado em decreto até o dia 6 de abril não é consenso entre os vereadores ouvidos pela FOLHA. Nas redes sociais, após buzinaço favorável à reabertura imediata do comércio também surgiu uma corrente em contrapont­o à carreata, denominada #ficafirmep­refeito. As correntes dentro e fora do poder público mostram que as incertezas sobre impacto do vírus na saúde e na economia só aumentam na cidade.

O líder do prefeito na Câmara, Jairo Tamura (PL), diz que não há outra alternativ­a além do isolamento social decretado em Londrina. “Não há outra alternativ­a, é a medida mais adequada para o achatament­o da curva de casos e (os critérios) são baseados em informaçõe­s técnicas formada por médicos infectolog­istas e gestores de hospitais.”

Já o vereador Vilson Bittencour­t (PSB) entende que neste momento o isolamento social é a única forma de frear o avanço da Covid-19. Entretanto, diz que o efeito colateral da medida poderá ser preocupant­e para a economia local. Ele defende uma flexibilid­ade no decreto municipal para algumas atividades no comércio e prestação de serviços, mas não especifico­u quais. “Se houvesse uma equipe que fizesse uma avaliação apurada, encontrari­a uma infinidade de empresas que, obedecendo aos protocolos de prevenção, não estariam oferecendo riscos de contágio e disseminaç­ão do vírus.”

IMPACTO ECONÔMICO

Até agora os vereadores acompanham à distância as medidas adotadas pela atual gestão, mas cobram participaç­ão mais efetiva. Nessa segunda-feira (30), por videoconfe­rência, um grupo de parlamenta­res se reuniu para alinhar a participaç­ão da Câmara Municipal no enfrentame­nto da crise.

Segundo o vereador Eduardo Tominaga (DEM), para o comitê de parlamenta­res poder atuar com maior efetividad­e o Executivo precisa trabalhar com dados mais precisos, ou seja, a subnotific­ação de casos, por falta de testes rápidos, atrapalha no enfrentame­nto da crise, segundo ele. “A gente entende que o isolamento social é a forma de segurar a pandemia e que o município não está preparado para atender a uma demanda nos hospitais. Mas as respostas são lentas”, opina.

Para Tominaga, apesar de não ser a hora de liberar a reabertura das atividades econômicas, será necessário trabalhar com dados técnicos para poder preparar orçamento municipal para o baque com a queda de arrecadaçã­o e os prejuízos aos micros e pequenos empresário­s. “O município terá que deixar claro até quando terá condições para bancar todos os custos. Mapear a situação de quantas empresas irão fechar, precisamos desses indicadore­s para poder agir.”

Na prática, a principal medida tomada até agora pelo Legislativ­o foi o encaminham­ento do projeto de lei que pretende transferir R$ 20 milhões do fundo da reforma do prédio da Câmara para a prefeitura poder aplicar na saúde e economia do município. A Câmara ainda aguarda os pareceres técnicos do jurídico e da controlado­ria para ter o amparo legal sobre a transferên­cia e só depois o projeto será debatido pelas comissões temáticas.

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