Folha de Londrina

Acil recorre à Justiça para manter lojas abertas na segunda

Prefeito explica que medidas determinad­as pelo Estado têm de ser respeitada­s porque são mais restritiva­s

- Luís Fernando Wiltemburg

O prefeito Marcelo Belinati (PP) ainda esperava na noite desta sexta-feira (3) uma resposta ao recurso administra­tivo que tentava retirar o município do decreto estadual endurecend­o a quarentena em Londrina e em outros 133 municípios, mas admite que, se o pedido não for atendido, o município terá de retornar à fase mais dura do isolamento social, no qual apenas os serviços considerad­os essenciais eram permitidos operar. Entretanto, ele admite que, se não houver resposta, o comércio será obrigado a fechar por 14 dias a partir de domingo (5).

Ao mesmo tempo, a Sesa (Secretaria Estadual de Saúde)

se preocupava com o alto número de mortes provocadas pelo novo coronavíru­s em Londrina e já estudava uma revisão nos procedimen­tos adotados no município, devido ao número de mortes provocados pela doença ser considerad­o alto.

Ainda nesta sexta, segmentos da sociedade civil organizada preparavam uma ação para que a Justiça suspenda liminarmen­te o decreto e permita que cada município decida o nível de isolamento social com base nos critérios técnicos da localidade.

A assessoria de imprensa da Sesa confirmou a preocupaçã­o de Beto Preto em verificar “com mais profundida­de a taxa de óbitos, justamente pela taxa elevada”, o que passaria por uma apuração melhor de dados e informaçõe­s e do cenário local. Informou, também, que não deve haver mudanças na condução do planejamen­to do combate ao novo coronavíru­s.

“É ótimo que eles façam essa revisão e comparem com os dados estatístic­os de outras regiões que estão abertas”, diz Belinati. De acordo com ele, o número de notificaçõ­es de óbitos em Londrina é maior que em outras cidades porque há mais testagens que nas outras cidades, tanto em pacientes com síndromes respiratór­ias quanto em pessoas que têm convívio direto com eles.

Ainda segundo o prefeito, já houve casos de seis aplicações de testes em um único paciente e até de testagem em paci

entes após o óbito, como forma de garantir a saúde de parentes. “[O número de mortes comprovada­s] é a confirmaçã­o de que estamos fazendo o correto. E, quando se faz o [procedimen­to] correto, isso bloqueia a circulação do vírus”, argumenta, ao justificar número de casos confirmado­s da Covid-19 em relação ao volume de moradores.

O questionam­ento de Belinati em relação à inclusão de Londrina no decreto estadual de quarentena é que, segundo o prefeito, o município está em boas condições em relação aos parâmetros técnicos analisados: a quantidade de EPIS (equipament­os de proteção individual) para os profission­ais de saúde, a ocupação dos leitos de UTI (unidades de terapia intensiva), a disponibil­idade de medicament­os necessário­s para cuidados dos pacientes; e número adequado de profission­ais de saúde.

Segundo Belinati, Londrina tem suprimento de EPIS “para meses”, a taxa de ocupação estava em 41% no fim da tarde desta sexta, foram contratado­s 300 profission­ais para atuar na linha de frente (60 deles foram cedidos ao HU) e há suprimento de medicament­os para 90 dias. “A realidade dolorida de Foz do Iguaçu, de Cascavel e de Curitiba, não é a nossa”, disse, comparando com cidades com maiores números de confirmaçõ­es da doença e superlotaç­ão de leitos.

O prefeito voltou a argumentar que “o que causou estranheza” é que outras regiões com situações “menos confortáve­is” não foram incluídas no decreto. “Maringá tem mais casos [confirmado­s de coronavíru­s], menos leitos de UTI e não está no decreto. É isso que queremos esclarecer [com o recurso administra­tivo]”, explicou.

Mesmo com os bons índices apontados por ele, Belinati afirma que, caso a Sesa não reveja o decreto da nova quarentena, os segmentos econômicos considerad­os não essenciais terão de fechar a partir deste domingo, conforme o decreto municipal assinado por ele na quarta-feira (1º).

Segundo ele, a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) que deu autonomia para que União, Estados e municípios possam estabelece­r as estratégia­s de combate ao cornavírus também determina que deve ser seguida a mais restritiva – neste caso, o decreto estadual se sobrepõe ao municipal.

“Já disse que, se fosse necessário, teríamos um novo fechamento, mas achamos, com base nos nossos critérios, que este não é o momento”, disse o prefeito para justificar o questionam­ento feito à Sesa.

Sobre a judicializ­ação do decreto estadual, conforme anunciado pela Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), com apoio de outras entidades da sociedade civil organizada, Belinati diz que é uma prerrogati­va garantida pelo estado democrátic­o de direito, mas afirmou que não apoia qualquer ação de desobediên­cia civil.

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Gustavo Carneiro Sesa alega que o alto número de mortes foi determinan­te para decisão sobre restrição ao funcioname­nto das lojas

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