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Uma rua parahomenagear a erva-mate e incentivar o
A erva-mate representou uma das principais riquezas do Paraná ao longo de sua história e hoje o estado se orgulha de ser o principal produtor no país.e continua conquistando novos mercados com ajuda de novas tecnologias.
Um produto tão representativo do Paraná está ganhando um espaço único para mostrar às novas gerações a sua importância. Trata-se da Rua do Mate, um marco arquitetônico que está sendo construído no município de São Mateus do Sul, na região Sul do estado.
A cidade tem uma relação forte com a erva-mate, pois conforme lembra a AEN (Agência Estadual de Notícias) o município se desenvolveu em torno da coleta e comercialização da ervamate e está experimentando uma retomada da produção.
Localizada na área central de São Mateus do Sul, a Rua do Mate será um espaço de convivência, onde famílias e visitantes poderão se encontrar para colocar a conversa em dia e tomar uma cuia de chimarrão.
Também vai concentrar atividades culturais, eventos e fomentar o comércio, principalmente de produtos típicos da região. A Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas está investindo R$ 2,1 milhões no projeto, previsto para ser entregue em outubro.
A vocação econômica de cada cidade paranaense é um dos critérios para a aprovação dos projetos pela Secretaria do Desenvolvimento Urbano, como explicou o secretário João Carlos Ortega, por meio da AEN.
Para Elizeu Chociai, diretor de Administração e Finanças do Paranacidade, órgão vinculado à Secretaria do Desenvolvimento Urbano,
a Rua do Mate é exemplo de uma obra pública que valoriza a vocação regional. “É um projeto relacionado à cultura da erva-mate e que beneficia uma comunidade que tem uma forte identificação com esse produto. Mais do que um espaço de lazer, ela será um fomento para o turismo, o comércio e as atividades culturais”, destaca Chociai. BOAS-VINDAS A Rua do Mate fica em um ponto estratégico, e dá boas-vindas para quem chega a São Mateus do Sul pela BR-476. Está entre o antigo convento, hoje sede da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Turismo; a igreja do padroeiro São Mateus e a Casa da Memória Padre Bauer – que abriga a história da erva-mate, da imigração polonesa e da navegação a vapor que são símbolos da cidade. Segundo o arquiteto e urbanista da prefeitura, Ricardo Guth, junto com a rua coberta, o município também vai ganhar um portal alusivo à erva-mate. “A Rua do Mate fica na entrada da cidade, bem à vista de quem vem de Curitiba, da Lapa ou de cidades mais ao Sul. A ideia é que quem passar por aqui sintase convidado a entrar, nem que seja para sentar e tomar um chimarrão”, diz Guth.
O PROJETO
O já instalado chimarródromo, um espaço com torneiras com água quente para abastecer as cuias de chimarrão, é um dos principais atrativos da Rua do Mate. A disposição dos bancos em frente a esse local é quase como uma roda de chimarrão, destacando o caráter social da bebida, que quase sempre é tomada em companhia. Mudas de erva-mate também estão sendo plantadas ao longo dos mais de 3 mil metros quadrados da obra.
Na parte de cima, uma estrutura metálica, coberta com vidro, vai abrigar quiosques para a venda de alimentos, artesanatos e produtos derivados da erva-mate. Será também um espaço voltado para apresentações culturais, eventos públicos e feiras livres.
A exemplo de projetos semelhantes Brasil afora, como a Rua Coberta de Gramado, no Rio Grande do Sul, um dos objetivos do espaço é atrair turistas para o
município. “São Mateus do Sul têm grande potencial turístico ainda pouco explorado, e vários grupos da cidade querem reverter essa situação tendo a erva-mate como chamariz”, explica Ricardo Guth.
ECONOMIA REGIONAL
A obra do Governo do Estado também fomenta a economia regional. O Paraná é o principal produtor de ervamate do País, respondendo por 39% das plantas cultivadas e por 88% da produção dos ervais nativos ou sombreados. Esta é a forma de plantio predominante em São Mateus do Sul, onde a erva é produzida em meio à vegetação florestal nativa, em especial a araucária.
De acordo com Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento, o Paraná produziu aproximadamente 560 milhões de toneladas da planta em 2018, mais da metade de toda a produção nacional, que é concentrada nos três estados do Sul e, em menor escala, no Mato Grosso do Sul. O Valor Bruto da Produção (VBP) naquele ano no Estado foi de quase R$ 592 milhões. SELO DE QUALIDADE São Mateus do Sul é o segundo maior produtor paranaense, com 70 mil toneladas produzidas em 2018, atrás apenas de Cruz Machado. A qualidade é o principal diferencial da erva de São Mateus, reconhecida com o registro de indicação geográfica (IG), que identifica os produtos típicos de certas regiões. O selo é conferido a produtos característicos do seu local de origem, por terem identidade única em função do processo de fabricação ou dos recursos naturais usados, como solo, vegetação e clima.
HISTÓRIA A erva-mate está intimamente ligada à memória de São Mateus do Sul, que se tornou município em 1908, período de ouro da exploração do produto no Paraná. Mesmo antes da emancipação política, a cidade já vinha em um importante ciclo de desenvolvimento. Em 1882, iniciou a navegação a vapor no Rio Iguaçu, para transportar a madeira e a erva comercializadas no Sul do Brasil e em países vizinhos, principalmente a Argentina.
“No final do século XIX, o Paraná passava por um intenso processo político e econômico impulsionado pela produção ervateira. A história de São Mateus se insere neste contexto, interligando três principais questões: a erva-mate, a navegação a vapor e a imigração polonesa”, conta Hilda Jocele Digner Dalcomuni, professora de história e coordenadora da Casa da Memória Padre Bauer.
A planta nativa do Estado, já utilizada antes da colonização por indígenas guaranis, passou a ter grande saída no município, que contava com empresas fortes do ramo, como a Leão Júnior
A navegação a vapor foi outro fator até meados do século passado. A hidrovia que ligava Porto Amazonas a União da Vitória tinha 350 quilômetros de extensão através do Rio Iguaçu, passando também pelos afluentes Rio Negro e Rio Potinga.
“A navegação foi um feito para a época, um negócio de proporções gigantescas. As peças do primeiro barco a vapor chegaram de carroção, vindas do Porto de Paranaguá pela Estrada da Graciosa, para serem montadas aqui”, conta Hilda.
Mais de 70 vapores chegaram a navegar pela região, e toda uma estrutura tomou conta da cidade por causa da atividade, com empresas, marinheiros e até estaleiros. A memória dos tempos da navegação também é preservada na cidade. Ainda é possível conhecer o vapor Pery, que encerrou as atividades nos anos 1950 e agora está instalado nas margens do Rio Iguaçu.