Folha de Londrina

Com medo de quarentena, população corre para resolver pendências

Centro lota no último dia de funcioname­nto do comércio; quarentena está marcada para segunda-feira

- Simoni Saris

No último dia de funcioname­nto do comércio antes do início da segunda fase da quarentena, anunciado para a próxima segunda-feira (6), muitas pessoas aproveitar­am a sextafeira para antecipar pagamentos e compras no comércio de Londrina. No interior das lojas, o movimento de clientes era tímido e lojistas reclamavam das vendas fracas, mas no calçadão havia muitas filas em frente a bancos e lojas. As medidas restritiva­s, decretadas no início da semana pelo governador Ratinho Junior, têm validade por 14 dias. “Eu só iria sair de casa na semana que vem, mas como a loja vai fechar, eu vim pegar o meu boleto para poder pagar a fatura”, disse a pensionist­a Maria Helena Barbosa da Silva, que estava na fila em frente a loja de uma operadora de celular. Ela disse que não tem conhecimen­tos suficiente­s de informátic­a para acessar a internet e imprimir o boleto, por isso vai até a loja física. “Sou do grupo de risco (para Covid-19), tenho arritmia cardíaca. Não deveria estar aqui, mas tenho que me arriscar. Uso máscara e carrego sempre o álcool gel na bolsa.”

Na mesma fila, estava a dona de casa Ivanilda de Andrade, que todos os meses vai até a loja para retirar o boleto de pagamento da fatura, mas ela se queixou de que desde o início da pandemia o atendiment­o está demorado e os clientes são obrigados a ficar muito tempo na fila. “Eu vim aqui, depois vou a uma loja comprar umas coisas que estou precisando e vou voltar logo pra casa porque o transporte público também está com restrições.”

“Meu dia de vir para o centro para resolver as coisas é entre 8 e 10, mas como as lojas vão fechar, estou me adiantando e pagando todas as contas porque na primeira quarentena, pelas lojas estarem fechadas, eu não consegui pagar e depois cobraram multa. Acabei pagando uma diferença de R$ 25 a R$ 30”, disse Alessandra Santos.

LOJISTAS ESTÃO DIVIDIDOS

Vendedora de uma loja de confecções no calçadão, Pâmela Mendes previa um bom movimento de clientes até o final do expediente desta sexta-feira. Desde que a prefeitura anunciou o fechamento das atividades considerad­as não essenciais a partir de segunda-feira, disse ela, o volume de vendas aumentou e as temperatur­as baixas ajudaram a impulsiona­r ainda mais as vendas. “Abrimos a loja há um mês, em meio a pandemia, e está sendo muito bom. Estamos bem satisfeito­s com as vendas. Acho que hoje muitas pessoas vão passar por aqui para se prepararem para os próximos dias, quando o comércio não irá funcionar.”

Nem todos os lojistas, no entanto, estão animados. Em uma loja de confecções no centro, a gerente, Carla Alves, estava apreensiva em relação ao futuro das atividades. “Só de o prefeito anunciar o fechamento, muita gente pensou que já havia fechado e o movimento na loja caiu muito. Agora que estávamos começando a nos recuperar da primeira quarentena, vem uma outra. No ano passado, nesta época, a fila do caixa estava quase lá na porta. Hoje, não tem quase ninguém. O volume de vendas caiu 70% e as pessoas estão comprando peças baratas, para ficar em casa. Se no ano passado a gente vendia muito moletom, neste ano estamos vendendo pijamas, que é bem mais barato. Os clientes estão comprando só o necessário.” Com o estoque de inverno ainda alto, Alves temia um encalhe porque previa que quando a quarentena acabar, as temperatur­as estarão mais elevadas e com pouca possibilid­ade de uma nova onda de frio.

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