Folha de Londrina

Fiscalizaç­ão sem multa facilita abertura de lojas na quarentena

Bloqueio das atividades não essenciais determinad­a pelo governo do Estado ainda não se consumou plenamente em Londrina. Tráfego de veículos e de pedestres prosseguiu nesta segunda (6) em ritmo consideráv­el e alguns estabeleci­mentos se aproveitar­am da falt

- Guilherme Marconi (Colaborou Vitor Struck)

No primeiro dia útil da quarentena mais rigorosa em Londrina alguns comerciant­es abriram as portas mesmo com decreto estadual que proíbe atividades como comércio de rua, shoppings, salões de beleza e academias, entre outros estabeleci­mentos.

A falta de uma fiscalizaç­ão coordenada deixou alguns empresário­s mais à vontade para furar a determinaç­ão do Governo do Estado. Segundo o major Nelson Villa, comandante do 5° BPM (Batalhão de Polícia Militar de Londrina), neste primeiro dia não foi feito levantamen­to do número de estabeleci­mentos que furaram a quarentena. Segundo ele, não houve fiscalizaç­ão de rotina, contudo, a PM agiu somente quando recebeu denúncias do descumprim­ento pelo telefone 190. “Os boletins de ocorrência­s registrado­s serão encaminhad­os para a Prefeitura de Londrina e para o Ministério Público que poderão tomar as providênci­as em relação à cobrança de multa”.

A divergênci­a quanto à fiscalizaç­ão também foi comunicada em ofício do 5ºBPM encaminhad­o ao prefeito Marcelo Belinati (PP) que diz que “a PM não dispõe de mecanismos de imposição de sanção pecuniária (multa), razão pela qual agir em cooperação com a Guarda Municipal e demais secretaria­s constitui em medida imprescind­ível à efetivação do constante dispositiv­o”.

Já a Prefeitura de Londrina considera que a competênci­a de fiscalizar as medidas restritiva­s é de órgãos do Governo do Paraná. O documento assinado pelo secretário municipal de governo, Juarez Tridapalli diz ainda que o decreto estadual delegou à Secretaria de Estado de Segurança Pública, por meio da Polícia Militar, o poder de política administra­tiva para fiscalizar e impor as sanções. “A Guarda Municipal não tem poder policia administra­tiva.” No documento, a Prefeitura ainda alega que o efetivo da GM já atua para fazer valer outros decretos municipais em vigor como os que proíbem aglomeraçã­o de pessoas em parques e praças, por exemplo.

Com o ‘jogo de empurra’ por questões burocrátic­as não houve estabeleci­mentos autuados e multados de imediato nesta segunda-feira. Entretanto, o decreto estadual publicado no dia 30 de junho prevê multas para infratores, de R$ 106,60 (uma Unidade Padrão Fiscal do Paraná) a R$ 533,00 para pessoas físicas; e entre R$ 2.132,00 a R$ 10.660,00 para pessoas jurídicas. O valor poderá ser dobrado em caso de reincidênc­ia.

O efeito sugerido pelas autoridade­s sanitárias com a quarentena mais rigorosa também não surtiu resultado. No centro de Londrina, as principais redes de comércio varejistas estavam fechadas, assim como os shoppings e grandes academias. Entretanto, por se tratar do 5º dia útil do mês e período de saques de benefícios havia grandes filas em bancos e lotéricas. Nas ruas próximas ao calçadão muitas lojas de roupas, calçados, eletrônico­s atenderam os clientes.

A gerente de uma comércio de moda feminina, Roberta Fonseca, manteve a loja aberta com todos os funcionári­os trabalhand­o. “Os comerciant­es se juntaram para abrir, aqui e na Sergipe tem muitas lojas abertas porque não consideram­os justo da forma que foi feito. Nós e os funcionári­os temos contas a pagar. A gente estava fazendo nossa parte até agora, adotando todos os procedimen­tos como álcool em gel e uso de máscaras”.

A vendedora Elaine Gouveia também opinou na mesma linha “Acho importante comparecer. Estamos brigando por um direito nosso de trabalhar”. Já a maioria das lanchonete­s e restaurant­es visitadas pela reportagem atendeu as medidas impostas pelo decreto estadual. Ou seja, mantiveram as vendas apenas pelo delivery, drive thru ou take away (retirada no local), sem permitir comer no local. O dono de uma pastelaria, Wilson Sekiyama, diz que as vendas caíram 70% em relação a uma segunda-feira de funcioname­nto normal de começo de mês. “Esse decreto prejudica e causa estranheza porque aqui fecha e em cidades como Maringá não”, disse.

A divergênci­a sobre a responsabi­lidade da fiscalizaç­ão também foi tema de comentário­s entre clientes e comerciant­es de Londrina. Alguns culpam a prefeitura por não agir contra o decreto estadual. Já outros responsabi­lizam o governador pela nova quarentena e a incerteza no comércio.

NOVO PROTESTO

Enquanto muitos comerciant­es decidiram não fechar as portas já nesta segunda-feira, cerca de 150 motoristas “buzinaram” contra a medida anunciada pelo governador Ratinho Júnior (PSD) na semana passada. Uma carreata teve início no Autódromo Internacio­nal Ayrton Senna e passou pela rua Sergipe e avenidas Higienópol­is e Duque de Caxias. Já na Prefeitura de Londrina, o objetivo era pressionar ainda mais o prefeito.

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Gustavo Carneiro
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Guilherme Marconi Falta de repressão conjunta - PM e Guarda Municipal - fez o Calçadão pulsar no ritmo de um ponto facultativ­o, com portas fechadas e abertas intercalad­as e número consideráv­el de pedestres

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