Moradores reclamam da falta de ônibus no Nossa Senhora da Paz
Moradores do jardim Nossa Senhora da Paz, na zona oeste de Londrina, reclamam da falta de ônibus na linha do transporte coletivo que passa no bairro. O relato é de que o problema é antigo, mas nos últimos meses se agravou depois que a linha 931 parou de passar próxima à localidade. “É escasso ônibus aqui. Está muito complicado”, apontou Greiciele Gomes dos Santos.
De acordo com a auxiliar de sala, antes da construção do Terminal da Zona Oeste, a população tinha como opção a linha 311, entretanto, isso não continuou depois que o espaço foi inaugurado, em 2014. “Tínhamos o Santa Rita, que passava pela avenida do Sol e a todo momento. Depois colocaram o 931, mas que demorava uma hora. Particularmente não perdia tempo e ia até o Terminal Oeste a pé. É só subida”, relatou.
A distância entre o jardim e o terminal da região é de mais de um quilômetro. Vivendo no bairro há 40 anos, Rosa Maria Peixoto afirmou que muitas pessoas têm dificuldades de locomoção e estão sofrendo com a situação e até se colocando em risco. “Na comunidade tem cadeirantes, quem usa muleta, idosos. Além disso, para podermos embarcar em ônibus estamos tendo que ir até o Terminal Oeste e atravessando a BR369. É muito perigoso”, alertou, lembrando ainda das adversidades geradas pelos dias de chuva. Não existe passarela nas proximidades.
Liderança no Nossa Senhora da Paz, ela contou que desde o início da pandemia do coronavírus na cidade, em março, os transtornos começaram. “Tiraram (o transporte) com a pandemia. Dependo de ônibus para qualquer atividade, para ver minha mãe. Os carros não precisam voltar a passar em toda a comunidade, mas que pare em uma rua de referência. É muita falta de respeito com os moradores”, criticou.
PREOCUPAÇÃO
A vendedora Lucely dos Santos Souza foi obrigada a mudar a rotina para ir ao trabalho. De acordo com ela, a suspensão da linha 931 aconteceu sem aviso prévio. Ela trabalha num shopping na zona norte e o ônibus ia justamente para o empreendimento. “Antes pegava um para ir e voltar. Agora, vou a pé até o Terminal Oeste, pego um ônibus para o Terminal Central e em seguida outro para o Milton Gavetti. Para voltar são mais três ônibus e ainda paro longe de casa. Foi de repente essa alteração, não avisaram nada.”
Com o decreto do governo estadual suspendendo as atividades não essenciais, a circulação de passageiros, inclusive do bairro, deve diminuir. No entanto, muitas pessoas vão seguir trabalhando e a preocupação é com o retorno, em duas semanas. “O ônibus já ia lotado e tiraram várias linhas com acesso direto. Mais pessoas estão tendo que ir ao Terminal Central e aglomerando. Mesmo quando fecharam a primeira vez (entre março e abril) e não tinha mais a linha 931, continuei indo ao serviço para trabalhos internos”, destacou Souza.
DIREITO
Os moradores ainda cobram que a mobilidade urbana seja realmente um direito de todos. “Retiraram e não perguntaram para os usuários. Se fala que é transporte coletivo, mas transporte coletivo para quem? Outros bairros têm ônibus próprio, por que aqui não pode ter? A pessoa ainda tem que atravessar a rodovia e podendo ser atropelada. Se corre um risco que não deveria para ter um direito básico que foi retirado”, refletiu a psicóloga Bruna Jaqueline de Moura Lima.
“Creio que estes problemas estão muito vinculados ao estigma do bairro. Nunca vieram aqui conversar. Dizem que fazem enquetes e pesquisas (para melhorar), mas não colocam em prática o que postam em redes sociais”, frisou a psicóloga, que também precisa do ônibus para trabalhar. “É um bem-estar para a comunidade. Queremos nossos direitos”, reivindicou Rosa Maria Peixoto.
RESPOSTA
Procurada pela reportagem, a TCGL (Transportes Coletivos Grande Londrina), responsável pelos percursos de coletivos na região, informou que programação de linhas e trajetos é de responsabilidade da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização). Questionada sobre o problema no jardim Nossa Senhora da Paz, a assessoria de comunicação da companhia não respondeu até o fechamento desta matéria.
Outros bairros têm ônibus próprio, por que aqui não pode ter?