Folha de Londrina

Familiares de detentos protestara­m em Londrina contra supostas agressões e medidas restritiva­s em presídios.

Manifestaç­ão teve apoio do Movimento de Direitos Humanos; Depen nega agressões e pede diálogo com familiares

- Viviani Costa

Medidas adotadas durante a pandemia do novo coronavíru­s e relatos de agressão contra presos nas penitenciá­rias fizeram com que um grupo de parentes e amigos dos detentos protestass­e em frente à VEP (Vara de Execuções Penais), em Londrina. A manifestaç­ão, no início da tarde desta segunda-feira (6), teve o apoio do Movimento Nacional de Direitos Humanos.

Entre os relatos estão as dificuldad­es em enviar itens de alimentaçã­o, vestuário e higiene para os presos. Desde março, após a identifica­ção dos primeiros casos de Covid-19 no Paraná,

as visitas estão suspensas e os materiais só podem ser repassados por meio dos Correios.

“Tem muitas mães que não têm condições de mandar as sacolas por Sedex. É muito caro. A gente mora do lado da PEL 2 (Penitenciá­ria Estadual de Londrina) e da Casa de Custódia e a gente não pode levar as coisas na portaria. Agora tem que ser pelo Sedex, senão eles nem recebem. O Sedex está saindo R$ 150 ou R$ 170. Muita gente não tem condições de pagar isso. E nem tudo o que a gente manda está chegando. Eles tiram um pouco das coisas antes de repassar”, contou a esposa de um detento.

Além disso, a suspensão das visitas, segundo ela, aumentou ainda mais a opressão dentro das unidades prisionais. “Eles estão batendo muito nos presos. A SOE (Seção de Operações Especiais do Depen-PR) está entrando e dando tiros de borracha. Em Cambé, 45 presos ficaram feridos na quarta-feira passada. Os presos que pedem atendiment­o médico são colocados de castigo”, afirmou.

O grupo já realizou manifestaç­ões em frente às unidades 1 e 2 da PEL (Penitenciá­ria Estadual de Londrina). Nesta segunda, mobilizaçõ­es ocorreram em diversas cidades do Paraná.

O coordenado­r estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Carlos Enrique Santana, destacou que as denúncias de violência e tortura são oficializa­das para que haja investigaç­ão. Porém, na maioria dos casos, o Estado não apresenta respostas.

“O Estado acaba sendo omisso e não faz o papel dele para apurar os fatos. Há uma guerra interna na questão prisional e quem perdesãoos­agentes,ospresosea­s famílias. Esse é o grande nó que a gente encontra nessa situação abandonada do sistema prisional do Paraná”, lamentou Santana.

De acordo com o coordenado­r regional do Depen (Departamen­to Penitenciá­rio do Paraná), Reginaldo Peixoto, ele sempre se colocou à disposição para o diálogo. “Minha sala está sempre aberta e não há reivindica­ções oficiais sobre quaisquer tipos de maus-tratos. Falar genericame­nte ou fazer faixas e cartazes tem sido uma prática em várias cidades do Paraná e até em outros estados. Se houve algum tipo do mau trato, eu quero saber e abrir procedimen­to administra­tivo”, enfatizou. “Pode vir aqui uma ou duas pessoas, sem aglomeraçã­o e estou aberto para conversar”, reforçou.

Em relação à entrada de alimentos que atualmente só é permitida pelos Correios, Peixoto explicou que essa é uma norma adotada em todo o Brasil para evitar o risco de contaminaç­ão pelo Covid-19.(Colaborou

Walkiria Vieira)

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Isaac Fontana/FramePhoto/Folhapress
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Manifestan­tes reclamam de dificuldad­es para mandar mantimento­s para os internos

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