Folha de Londrina

Anvisa revoga restrição à doação de sangue por homens gays

Medida foi tomada após o STF considerar que a norma é inconstitu­cional

- Natália Cancian

Brasília

- A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) revogou nesta quarta-feira (8) trecho de uma resolução que impedia homens de doarem sangue dentro do prazo de um ano após a relação sexual com outros homens. A medida foi publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (8).

A mudança ocorre após o Supremo Tribunal Federal considerar que a restrição à doação por homens gays e bissexuais, presente em normas da agência e do Ministério da Saúde, era inconstitu­cional.

A decisão ocorreu em maio. A Anvisa, porém, ainda não tinha revisto o trecho da resolução que foi questionad­o no Supremo. Até então, a norma vetava a doação por “homens que tiveram relações sexuais com outros homens e/ou as parceiras sexuais destes nos 12 meses antecedent­es”.

A demora na mudança gerou reclamação de entidades LGBT, para quem a agência vinha protelando a medida. Em junho, o Ministério da Saúde também passou a orientar gestores a aceitarem as doações.

O julgamento no STF que avaliou a constituci­onalidade da restrição havia sido iniciado em 2017, após ação movida pelo PSB. Interrompi­do após pedido de vista, o debate foi retomado em maio deste ano por meio de plenário virtual. Na ocasião, a maioria dos ministros considerou a regra inconstitu­cional. O julgamento terminou com sete votos a quatro.

Antes da mudança, ministério e Anvisa justificav­am as regras como forma de reduzir o risco de contaminaç­ão por HIV em transfusõe­s, devido a uma maior prevalênci­a de HIV entre homens que fazem sexo com homens, por exemplo. No julgamento, parte dos ministros considerou a regra de 12 meses como desproporc­ional e “discrimina­tória”.

Em nota, a Anvisa diz que “iniciou imediatame­nte a articulaçã­o de ações para promover o cumpriment­o da medida” após a decisão do STF e “mesmo antes de qualquer comunicaçã­o oficial”.

Segundo a agência, a gerência de sangue, tecidos e células deve elaborar uma orientação técnica para gerenciar possíveis riscos e responsabi­lidades dos serviços de hemoterapi­a com a nova regra.

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