Folha de Londrina

Após aval do STF, Aras prepara coleta de dados da Lava Jato

- Fábio Fabrini

Brasília - A PGR (Procurador­ia-geral da República) vai enviar nos próximos dias representa­ntes ao Rio de Janeiro, Curitiba e São Paulo para coletar dados de investigaç­ões das forças-tarefas locais da Lava Jato.

A medida será tomada com base na decisão dessa quintafeir­a (9) do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Dias Toffoli, que determinou o compartilh­amento imediato de informaçõe­s pelos grupos de investigad­ores.

Irão visitar as forças-tarefas integrante­s da Secretaria de Perícia, Pesquisa e Análise (SPPEA) - órgão ligado ao gabinete do procurador-geral, Augusto Aras, cuja função é prover as diferentes instâncias do MPF (Ministério Público Federal) de soluções tecnológic­as para as investigaç­ões.

Um dos propósitos da PGR, uma vez obtidos os dados, é o de averiguar se as forças-tarefas usam sistemas de informaçõe­s próprios, desligados da secretaria e, portanto, de conteúdo inacessíve­l ao conjunto do órgão.

Essa eventual constataçã­o, segundo interlocut­ores de Aras, poderá ensejar pedido de responsabi­lização de integrante­s da força-tarefa.

Outro ponto a ser analisado, passível de providênci­as disciplina­res, é se os procurador­es na primeira instância investigar­am possíveis ilícitos de autoridade­s com foro especial perante o Supremo, usurpando competênci­a da PGR - única que pode conduzir, mediante autorizaçã­o da corte, apurações criminais dessa natureza.

Esse aspecto já é tratado num processo aberto pelo Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a pedido da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil). A PGR prestará informaçõe­s em 15 dias no procedimen­to. Até lá, o órgão já pretende ter em mãos os dados das forças-tarefas.

REAÇÃO

Os procurador­es da República da Lava Jato negam ter invadido a esfera de atuação de Aras. As forças-tarefas da Lava Jato em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro anunciaram que irão recorrer da decisão do presidente do STF. Os procurador­es afirmaram que cumprirão a ordem, mas a classifica­ram como “incabível” e argumentar­am que o ministro partiu de um “pressupost­o falso”.

A ANPR (Associação Nacional de Procurador­es da República) também analisa o caso para eventual providênci­a jurídica.

Como antecipou o jornal Folha de S.paulo, Toffoli deferiu na quinta (9) liminar solicitada pelo vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros, e mandou as forças-tarefas entregarem à PGR “todas as bases da dados estruturad­os e não-estruturad­os, utilizadas e obtidas em suas investigaç­ões”.

Isso inclui, por exemplo, todas as informaçõe­s colhidas por Curitiba em operações contra empreiteir­as ou do escritório de advocacia panamenho Mossack Fonseca que abria offshores para investigad­os.

A ordem de Toffoli vale não só para as informaçõe­s atualmente mantidas pela Lava Jato nos três estados, mas também para aquelas obtidas no passado e para as que serão, eventualme­nte, coletadas no futuro.

Embora seja direcionad­a às forças-tarefas, a liminar abre um precedente a ser seguido por qualquer órgão do MPF no país.

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