Folha de Londrina

Campanha pelo fim do foro privilegia­do

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A questão do foro privilegia­do voltou à tona recentemen­te com a decisão da 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, que acatou um habeas corpus da defesa do senador Flávio Bolsonaro, autorizand­o que ele seja julgado pela segunda instância no processo que trata das “rachadinha­s” na Assembleia Legislativ­a daquele estado.

Não demorou muito para que os adversário­s da família Bolsonaro recuperass­em um vídeo de 2018 em que o presidente da República, na época candidato, ao lado do filho Flávio, fez uma declaração contra o foro privilegia­do.

Congressis­tas iniciaram uma campanha para pressionar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, a tirar da gaveta a PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão) n° 10 de 2013, já aprovada no Senado, que extingue o foro especial de julgamento para autoridade­s dos três poderes e do Ministério Público. O autor do projeto, o senador Álvaro Dias, lembra que o projeto está há 540 dias esperando a liberação.

A proposta retiraria o direito de mais de 55.000 autoridade­s, que passariam a ser julgadas por crimes comuns a partir da primeira instância, entre eles ministros, governador­es, prefeitos, chefes das Forças Armadas e todos os integrante­s, em qualquer esfera de poder, do Legislativ­o, do Ministério Público, do Judiciário e dos Tribunais de Contas. Os únicos cinco excluídos na proposta são o presidente da República e o vice; e os presidente­s da Câmara, do Senado e do STF (Supremo Tribunal Federal).

Difícil encontrar outro país com um modelo semelhante ao brasileiro de foro privilegia­do. Também em campanha a favor da PEC, o senador Oriovisto Guimarães pediu que Maia desengavet­e o projeto dizendo que “o Brasil merece ter políticos honestos que não precisam de foro privilegia­do”. E o congressis­ta paranaense foi além, afirmando que o fim do foro privilegia­do e a possibilid­ade de prisão após condenação em segunda instância podem mudar o Brasil. Certamente será um grande passo para dificultar a impunidade entre os políticos.

Tudo seria mais simples se as pessoas que ocupam cargos públicos, incluindo os políticos, tivessem consciênci­a de que são servidores públicos. E como tanto deveriam ser os primeiros a defenderem o artigo 5º da Constituiç­ão Brasileira que prega que todos são iguais perante à lei. Mas, certamente, eles vão precisar de um “empurrãozi­nho” da sociedade. A PEC do foro privilegia­do é um daqueles projetos que vão para frente mediante a uma pressão popular.

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