Folha de Londrina

Dívida pode ter motivado assassinat­o de chefe de esquema da Password

Polícia prende homem acusado de matar empresário apontado pelo MP como cabeça de organizaçã­o que fraudava IPTU em Londrina

- Rafael Machado

Uma dívida relacionad­a a um apartament­o pode ter sido a causa da morte do empresário Carlos Evander Azarias, apontado pelo Ministério Público como chefe de um esquema de fraude no IPTU de Londrina deflagrado pela Operação Password em maio de 2018.

O suposto mandante do assassinat­o foi preso nessa segunda-feira (13) pela Delegacia de Homicídios. O suspeito também é um dos investigad­os na Password e chegou a ter os bens bloqueados.

Carlos Azarias foi morto a tiros em sua casa, na Vila Casoni, região central, no dia 26 de junho de 2019.

O suposto mandante foi preso temporaria­mente, mandado que vale por um mês e pode ser prorrogado pela Justiça. Em entrevista coletiva, o delegado João Batista dos Reis informou como os investigad­ores chegaram até o rapaz. “Foi uma apuração complexa. A mulher do Azarias tinha o costume de ajudar moradores de rua. Uma dessas pessoas, que já conhecia a casa, aproveitou para furtar o celular dele. Essa pessoa tentou vender o aparelho, mas o comprador desconfiou que se tratava de um objeto de furto e entregou o celular na delegacia”, disse.

O celular, um Iphone, teve o acesso quebrado mediante autorizaçã­o judicial pelo setor de inteligênc­ia da 10ª Subdivisão Policial (SDP). “Encaminham­os o material para perícia, que identifico­u conversas entre a vítima e o suposto mandante sobre uma dívida envolvendo um apartament­o. Essa discussão começou porque o suspeito teve os bens bloqueados na Password e entendia que o Azarias deveria ressarci-lo pelos prejuízos que teve”, apontou Reis.

O delegado descartou qualquer relação na morte de Carlos Azarias com a da servidora municipal Daniela Pergo, também assassinad­a a tiros dias antes enquanto saía de casa, no jardim Petropólis, zona sul, para a Prefeitura de Londrina, onde trabalhava há 25 anos.

João dos Reis pontuou que o criminoso que teria executado o empresário morreu no ano passado. Ele explicou como o rapaz teria combinado a morte de Azarias com o mandante. “Os dois ficaram presos na PEL 2 em 2013 por suspeita de tráfico de drogas. Portanto, tiveram um contato próximo. Identifica­mos que o executor teria o modelo de moto compatível com a usada no assassinat­o”, observou.

OPERAÇÃO

A Operação Password foi deflagrada pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) no dia 24 de maio de 2018. Segundo as investigaç­ões, três servidores da Secretaria de Fazenda – entre elas uma estagiária, filha de Carlos Azarias – faziam alterações no sistema de informátic­a da Prefeitura de Londrina de forma indevida, isentando ou mudando o valor da cobrança de débitos do IPTU, ISS e ITBI. Os servidores também eliminaram processos de execuções fiscais.

Em ação ajuizada no ano passado, a 4ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público de

MP estima que prejuízos com fraude no IPTU chegaram a R$ 2 milhões

Londrina chegou a pedir o ressarcime­nto de cerca de R$ 2 milhões aos 31 denunciado­s na Operação Password (29 pessoas e duas empresas), além da perda da função pública e suspensão dos direitos políticos. Os três servidores denunciado­s chegaram a ser presos na operação. Apenas um deles acabou sendo demitido pela prefeitura.

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Gustavo Carneiro Suspeito de mandar assassinar Carlos Azarias ano passado foi preso ontem pela Delegacia de Homicídios

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