Folha de Londrina

Série mostra dançarinas menos fetichista­s

- Leonardo Sanchez

Ambientada no mundo das boates, a série “P-Valley”, que estreia agora no streaming Starzplay, tenta desconstru­ir a imagem ultrapassa­da das dançarinas hipersexua­lizadas, indefesas e sem qualquer relevância para além de seus corpos.

E não é preciso ir muito longe para notar que, nos últimos anos, algumas produções estão tentando descolar esse estigma do mundo das boates e do striptease. “As Golpistas”, de Lorene Scafaria, tentou fazer isso no ano passado, escalando Jennifer Lopez como sua estrela. Até mesmo “Magic Mike” ou “Chocolate City”, dessa vez com homens nos palcos, provaram que há muita história para contar por trás dos tanquinhos de quem trabalha nessa indústria.

“É isso que eu quero que as pessoas levem dessa série, que não devem julgar um livro pela capa. Imediatame­nte quando pensamos em strippers, achamos que eles estão lá para que as pessoas façam o que quiser com seus corpos, mas não é verdade”, diz Brandee Evans, que interpreta a Mercedes de “P-Valley”.

“Com essa série, nós lutamos para que as pessoas vejam que há muito mais em nós do que nossos corpos ou o que fazemos no palco. O strip é uma arte, um tipo de performanc­e. É como ir a um concerto - você assiste ao show e vai para casa, mas sozinho, não com o artista.”

Evans trabalhou duro para conseguir levar o strip e, mais especifica­mente, o pole dance para as telas. Além de visitar boates em Atlanta, Memphis e Los Angeles, passou por uma espécie de curso intensivo com uma dançarina.

Ela fez questão de atuar em praticamen­te todas as cenas, usando dublês só quando seus produtores não a deixavam recriar os passos mais ousados do pole dance, por questões de segurança. “Eu queria sentir a dor de uma queimadura nas coxas”, ela brinca.

Adaptação da peça “Pussy Valley”, da dramaturga e ativista americana Katori Hall, a série acompanha um grupo de dançarinas de uma boate de strip-tease no sul dos Estados Unidos. Para garantir que aquelas personagen­s não seriam hipersexua­lizadas pelas lentes, Hall, que atua como showrunner, escalou só mulheres para dirigir os oito episódios da temporada.

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