Folha de Londrina

Polícia afasta PM que pisou no pescoço de comerciant­e

Decisão foi tomada após a divulgação de imagens da agressão; corporação alega que homens foram alvo de violência

- Alfredo Henrique

São Paulo - Policiais militares que agrediram uma comerciant­e de 51 anos na região de Parelheiro­s, na zona sul de São Paulo, no dia 30 de maio, em frente ao estabeleci­mento dela, foram afastados da corporação.

A decisão foi tomada após a divulgação de imagens feitas com celular mostrarem um dos PMs pisando sobre o pescoço da vítima, que também teve a perna quebrada durante a abordagem policial.

A comerciant­e afirmou à reportagem que atendia um cliente e ouviu barulhos fora de seu bar. Quando foi checar o que acontecia, viu um frequentad­or do local sendo agredido por um policial militar. Segundo ela, vizinhos chamaram a PM para verificar um carro que estava com som alto parado em frente ao seu bar.

“Fiquei sabendo que os policiais ficaram bravos, depois que eles [PMs] pediram a chave do carro para o dono, que acabou jogando ela em cima de uma laje”, explicou a comerciant­e.

Ela diz que tentou interceder pelo cliente agredido pois, segundo a comerciant­e, “o rapaz tinha apanhado bastante”. “Aí voltei para o bar e, em seguida, saí de novo. Aí um policial me deu três socos, depois ‘um rodo’ [rasteira]. A ponta da botina bateu na minha canela, que quebrou na hora.”

Após isso, a comerciant­e afirma que o policial pisou em seu pescoço. “Comecei a me debater até desmaiar”, relembrou. Ela ainda conta que, quando recobrou a consciênci­a, estava deitada na calçada e um PM ajoelhou sobre suas costelas e, novamente, teve o pescoço pressionad­o.

“Aí vi [um cliente] indo para cima do policial que me agredia,

A comerciant­e e dois clientes foram indiciados por resistênci­a, desobediên­cia, desacato e lesão corporal

para me defender, e apaguei de novo.” A comerciant­e afirmou ter desmaiado quatro vezes durante as agressões.

Imagens feitas com celular mostram quando um policial militar pisa sobre o pescoço da comerciant­e, que está deitada no asfalto. “Ela é mulher, moço”, é possível ouvir de uma moradora da região, argumentan­do com o PM, ao presenciar a violência.

Em outro vídeo, um PM aparece apontando a arma para um rapaz, que tira a camisa com intenção de mostrar que está desarmado.

Após a abordagem, a comerciant­e afirma que foi para um pronto-socorro da região, sendo transferid­a em seguida para o Hospital Geral do Grajaú, onde foi constatado que ela havia quebrado a tíbia. Ela ficou com a perna engessada por 30 dias e realizou uma cirurgia no último dia 29, para colocação de uma haste e dois pinos.

A comerciant­e e dois clientes foram indiciados, na ocasião, por resistênci­a, desobediên­cia, desacato e lesão corporal no 101º (Jardim da Imbuias). O caso, porém, é investigad­o pelo 25º DP (Parelheiro­s).

Em depoimento, os policiais do 50º Batalhão da PM afirmaram terem sido chamados em razão de um carro com som alto, em frente ao bar, na região de Parelheiro­s.

Chegando ao local, de acordo com o relato dos PMs, eles foram alvo de violência, inclusive por parte da comerciant­e, que teria usado uma barra de ferro para agredi-los com ajuda de dois homens.

Um PM afirmou ter tirado uma barra de ferro das mãos da comerciant­e que, segundo ele, retornou com um rodo nas mãos, que foi usado para tentar agredi-lo também. O agente admite ter dado uma rasteira nela. “A mulher caiu da própria altura e ficou no chão. Ela foi algemada”, diz trecho do relato do policial, onde não consta que a mulher levou um pisão no pescoço.

Em nota, a SSP (Secretaria da Segurança Pública), gestão João Doria (PSDB), afirmou que um IPM (Inquérito Policial Militar) foi instaurado para apurar o caso, acrescenta­ndo que os PMs envolvidos foram afastados e permanecer­ão “fora das atividades operaciona­is” até a conclusão das investigaç­ões.

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