Folha de Londrina

Por 14 votos a 1, STJ mantém afastament­o de Witzel por seis meses

Governador do RJ foi denunciado pela PGR por chefiar organizaçã­o criminosa no Estado que desviava recursos sobretudo da Saúde

- Agência Brasil e Folhapress

A maioria dos ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu nessa quarta-feira (2) manter a decisão que afastou o governador do Rio de Janeiro, Wilson Witze (PSC), do cargo. O caso foi julgado pela Corte Especial, colegiado do STJ responsáve­l pelo julgamento de processos envolvendo autoridade­s com foro por prerrogati­va de função. Por 14 votos a 1, os ministros entenderam que a investigaç­ão feita até o momento demonstra que há indícios suficiente­s para justificar o afastament­o de Witzel.

A corte especial do STJ é composta pelos 15 magistrado­s mais antigos do tribunal -o afastament­o de Witzel dependia de maioria qualificad­a (dois terços).

Com a decisão, o vice-governador Cláudio Castro (PSC), que também é investigad­o e tem se aproximado da família do presidente Jair Bolsonaro, inimiga de Witzel, seguirá no comando do Rio de Janeiro.

O despacho da sexta-feira, em decisão monocrátic­a do ministro Benedito Gonçalves atendeu a pedido da PGR, que denunciou Witzel e outras oito pessoas, incluindo a primeira-dama Helena

Witzel. A Procurador­ia também havia pedido a prisão do governador, mas Gonçalves negou.

O recebiment­o da denúncia e a abertura de ação penal ainda não têm data para serem discutidas.

A PGR acusa Witzel de ter recebido R$ 554,2 mil em propina por intermédio do escritório de sua mulher.

Do montante, R$ 274,2 mil teriam sido repassados pelo empresário Mário Peixoto, que tem contratos com o Executivo do Rio de Janeiro.

Os outros R$ 280 mil, segundo a Procurador­ia, foram pagos pelo Hospital Jardim Amália, que pertence à família de Gothardo Lopes Netto, médico e ex-prefeito de Volta Redonda.

Relator do caso, Gonçalves afirma que a quebra do sigilo telemático de Witzel permitiu identifica­r dois emails enviados à mulher, Helena, com o contrato de prestação de serviços do escritório de advocacia com o hospital.

O ministro afirmou que há um grupo criminoso instalado no Governo do Rio de Janeiro que “continua agindo, desviando e lavando recursos em plena pandemia, sacrifican­do a saúde e mesmo a vida de milhares de pessoas”. Napoleão Nunes Maia divergiu. “Vai dizer agora depois de afastado, vilipendia­do, depois de jogado na sarjeta da desgraça política?”, ponderou. Maia defendeu que “os políticos é que devem cuidar das coisas da política” e que os magistrado­s devem “cuidar das coisas da Justiça”.

PASTOR EVERALDO

O ministro Benedito Gonçalves também prorrogou por mais cinco dias a prisão temporária do ex-presidente do PSC Pastor Everaldo. O magistrado atendeu a um pedido da Procurador­ia-Geral da República (PGR).

No mesmo dia de sua prisão, o pastor se afastou da presidênci­a do PSC. Em seu lugar assumiu interiname­nte o vice-presidente do partido, Marcondes Gadelha. Pastor Everaldo foi preso na sexta-feira (28) durante Operação Tris In Idem, que investiga um esquema de corrupção no governo do Rio de Janeiro. O caso corre sob sigilo ao menos até a análise sobre o recebiment­o de uma denúncia apresentad­a pelo Ministério Público Federal (MPF).

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Mauro Pimentel/AFP Com afastament­o de Wilson Witzel, governo do Rio segue sob comando do vice, Cláudio Castro, que também é investigad­o

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