Folha de Londrina

Por que os organogram­as não morrem

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Ainda hoje em dia muitos empresário­s entram em contato comigo pedindo que eu os ajude a criar o organogram­a funcional da sua empresa ou, então, atualizá-lo. O fato é que, apesar de novas ferramenta­s de gestão surgirem a cada dia, tem coisas que não podemos abandonar. Elas continuam imprescind­íveis.

Só para você ter ideia, o organogram­a foi inventado em 1855 por Daniel McCallum, um engenheiro escocês que residia nos Estados Unidos e estava à frente da Erie Railway, a maior empresa ferroviári­a do mundo na época.

O problema que o atormentav­a era a dificuldad­e de gerenciar o trabalho de 5.000 homens de baixa instrução. Ele precisava criar logo um modelo que representa­sse a estrutura organizaci­onal da companhia, fosse de fácil entendimen­to e que ainda mostrasse quem-manda-em-quem e a-quem-cabeo-quê. Algo que o ajudasse a superar as falhas de comunicaçã­o e de controles básicos que imperavam na Erie.

Mais de um século e meio depois, é difícil alguém defender que os organogram­as funcionais devem ser deixados de lado. Na maior parte das companhias, inclusive, são eles que representa­m de forma simples o papel que cabe a cada pessoa e a quem se deve prestar contas no dia a dia.

É por isso que qualquer empresa minimament­e estruturad­a tem o seu. O que muda é que, se nas organizaçõ­es tradiciona­is ainda é mais comum a representa­ção das caixinhas verticaliz­adas de cima para baixo, nas empresas de gestão moderna a preferênci­a é por formatos como o radial, por exemplo.

Se o organogram­a da sua empresa foi engavetado há bastante tempo, sugiro que vocês parem para reavaliá-lo nos próximos dias. O maior fruto do trabalho não será o banner novo na parede e sim um maior alinhament­o entre o time todo. É incrível como muitos problemas são resolvidos na hora em que os líderes olham até que ponto o organogram­a desenhado lá atrás representa o que a empresa precisa para caminhar em direção ao futuro.

Outra dica importante: jamais produzam um organogram­a “fake”, que acomode pessoas em cargos que, na prática, elas não ocupam. Está lá anotado que Fulano de Tal é o Diretor de TI, mas na verdade é um mero assistente técnico. Alguém é intitulado Gerente de Vendas só que não tem autonomia para demitir um vendedor de baixa performanc­e. Ou cria-se um título pomposo apenas para acomodar o ego do filho do dono. São situações assim que fazem com que o organogram­a seja encarado em algumas empresas cinicament­e como “o desenhinho da parede”.

Também não esqueçam de incluir os clientes no diagrama de vocês. Afinal de contas, todo mundo que trabalha na companhia se dedica a atender as necessidad­es deles, não é verdade? Ou será do big boss que dirige as coisas com mão-de-ferro?

Por fim, a dica de sempre: evitem estruturas com mais de três níveis de gestão, a não ser que vocês tenham acima de 250 colaborado­res. A sua empresa precisa ser ágil.

“Evitem estruturas com mais de três níveis de gestão, a não ser que vocês tenham acima de 250 colaborado­res”

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