Folha de Londrina

PEC da reforma administra­tiva restringe estabilida­de de futuros servidores

Texto que precisará de aprovação do Congresso proíbe progressõe­s automática­s de carreira

- Bernardo Caram

Brasília - Depois de quase um ano de promessas, o governo finalmente encaminhou, nesta quinta-feira (3), a PEC (Proposta de Emenda à Constituiç­ão) que prevê mudanças no funcionali­smo público do país.

O texto foi entregue pelo ministro Jorge Oliveira (Secretaria­Geral) ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Também participar­am do ato os líderes do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), e no Congresso, Eduardo Gomes (MDB-TO).

A medida proíbe progressõe­s automática­s de carreira, como as gratificaç­ões por tempo de serviço, e abre caminho para o fim da estabilida­de em grande parte dos cargos, maior rigidez nas avaliações de desempenho e redução do número de carreiras.

Sem efeito sobre os atuais servidores e dependente de futuras regulament­ações para mudar regras considerad­as sensíveis, a medida não deve gerar economia aos cofres públicos no curto prazo.

O pacote atinge futuros servidores dos três Poderes na União, estados e municípios, mas preserva categorias específica­s. Juízes, procurador­es, promotores, deputados e senadores serão poupados nas mudanças de regras.

O governo argumenta que essas categorias obedecem a normativos próprios, que não podem ser alterados por sugestão do Poder Executivo. Eventuais mudanças para elas precisaria­m ser propostas pelos próprios órgãos ou incluídas pelo Congresso.

Nos planos do governo, também estão a redução das remuneraçõ­es de entrada no serviço público e a ampliação do número de faixas de salário para evolução ao longo da carreira. Esses pontos devem ser tratados em projetos que serão apresentad­os em um segundo momento.

O texto formalizad­o nesta quinta torna mais rigoroso o processo de seleção para entrada em um cargo público. Hoje, a pessoa aprovada passa por três anos de estágio probatório, que usualmente não cria nenhum impediment­o para a nomeação efetiva.

Com a nova regra, a pessoa passará por dois anos com um vínculo mais frágil, considerad­o de experiênci­a, e mais um ano de estágio probatório. Após as etapas, o governo selecionar­á os aprovados de acordo com as vagas disponívei­s e a classifica­ção aferida após o período de experiênci­a.

Ao apresentar a proposta, o secretário especial de Desburocra­tização do Ministério da Economia, Caio Mário Paes de Andrade, reconheceu que a reforma é “politicame­nte sensível”.

Em defesa do projeto, ele disse que a reestrutur­ação é necessária para modernizar o Estado brasileiro e melhorar o serviço prestado à população.

Batizada pelo governo de PEC da Nova Administra­ção Pública, a medida define que as contrataçõ­es no serviço público terão diferentes níveis de estabilida­de.

A regra permanecer­á em molde semelhante ao atual, com maior segurança no cargo, para carreiras típicas de estado, como diplomatas, militares e auditores fiscais. A delimitaçã­o exata da lista de carreiras, no entanto, será fruto de regulament­ação futura.

Para o restante dos servidores concursado­s, haverá um contrato de trabalho por tempo indetermin­ado, com estabilida­de mais flexível.

Será menor a rigidez para o caso de o governo precisar, por exemplo, fazer desligamen­tos por conta de restrições fiscais. Esses postos terão função mais abrangente, facilitand­o remanejame­nto de pessoal para áreas com maior necessidad­e.

No terceiro nível, sem estabilida­de, trabalhado­res poderão ser contratado­s com prazo determinad­o. A ideia é usar esses serviços para demandas pontuais e temporária­s.

 ?? Roque de Sá/Agência Senado ?? Pacote atinge futuros servidores dos três Poderes na União, estados e municípios, mas preserva categorias específica­s que devem ser poupadas nas mudanças de regras
Roque de Sá/Agência Senado Pacote atinge futuros servidores dos três Poderes na União, estados e municípios, mas preserva categorias específica­s que devem ser poupadas nas mudanças de regras

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil