Folha de Londrina

Para 38 sortudos de Cambé, a Quina de São João foi a realização de um sonho. Cada um recebeu R$ 804 mil na cota do bolão. Entrevista­dos contam que vão continuar apostando

Eles relataram à FOLHA que continuam trabalhand­o e mantendo a rotina; e seguem jogando, tentando a sorte mais uma vez

- Lais Taine

Todos os dias as Casas Lotéricas do País recebem milhões de apostadore­s que sonham em receber um prêmio que os façam mudar de vida, mas na última Quina de São João, de 27 de junho, o sonho se tornou realidade para 38 sortudos que apostaram em uma Lotérica de Cambé (Região Metropolit­ana de Londrina). Cada apostador levou R$ 804 mil na cota do bolão. A sensação é rara, mas alguns premiados contam à FOLHA como é passar pela experiênci­a de ganhar na loteria.

José (nome fictício), 60, prefere não se identifica­r. Isso porque poucas pessoas sabem que ele foi um dos vencedores. Esse foi o jeito seguro que ele deu de continuar com a mesma rotina. “Não é bom falar, dinheiro é complicado. Eu continuo trabalhand­o, o dinheiro acaba, tem que trabalhar para manter.”

Com o dinheiro, José conta que ajudou os filhos, pagou algumas dívidas e comprou um carro, diferente do que imaginava antes de receber o prêmio. “Queria comprar um carro melhor, queria reformar minha casa, viajar... Por enquanto, só comprei o carro, mas pagando as dívidas já está bom”, menciona.

Quando recebeu a notícia, ficou feliz, mas conta que dar a notícia para a família foi tão legal quanto recebê-la. “Minha esposa ficou mais feliz que eu, pulou, ficou muito animada. Meus filhos também, eu que sou mais tranquilo”, aposta. Talvez porque José é um sortudo nato e a notícia não seja tão rara para ele. Além dos prêmios menores, em 1974 ele recebeu 74 mil cruzeiros na Lotofácil. Quando questionad­o se ele se considera sortudo, responde: “eu me considero uma pessoa abençoada por Deus pela família maravilhos­a que eu tenho”, argumenta.

No entanto, afirma que para vencer, foi necessário perder várias vezes. “Eu jogo sempre, sempre joguei. Tenho umas cinco caixas de jogos que um dia eu vou contar quanto eu joguei e perdi”, brinca. Para ele, ganhar é bom, mas não se deve viver com exagero. “Muda a vida, sim, muda um pouquinho, a gente parte para uma coisa melhor, vive melhor, sempre tem algo melhor. Mas eu sou tranquilo, não sou ganancioso, tem gente quemudaoje­itoeeununc­amudei, nunca vou mudar.”

Se em time que está ganhando não se mexe, não é agora que José pretende parar de fazer suas apostas. Ele continua com fé e na mesma lotérica. “Espero ganhar de novo. Eu fiz promessa de parar se eu ganhar R$ 5 milhões para cima, por enquanto, vou continuar jogando”, brinca.

CARRO IMPORTADO

Cláudia, 54, estava em casa quando recebeu uma mensagem do dono da lotérica no WhatsApp perguntand­o se ela era uma das ganhadoras da Quina de São João daquele dia. “Eu olhei a mensagem, vi os números, eu me confundi e respondi que não tinha sido eu”, recorda. Depois, preferiu verificar melhor. “’Espera, não estou acreditand­o,’ eu pensei. Eu mandei mensagem para ele: ‘me ajuda a conferir, porque eu estou nervosa’. Eu tremi, eu fiquei muito feliz”, descreve.

Naquela noite, Cláudia não dormiu. “Eu fiquei fazendo planos do que iria fazer com R$ 804 mil. Aí eu percebi que, mentalment­e, eu já tinha gasto R$ 400 mil”, ri. “Então, eu pensei com calma, vi que alguns desejos me trariam mais gastos no futuro e eu não teria como custeá-los.”

Um carro importado, reforma na casa, construir uma piscina e viajar estavam na lista. “O sonho de todo mundo que joga é ficar rico, parar de trabalhar, mudar de vida, viajar bastante, no momento, esse valor que eu ganhei não permite levar essa vida e parar de trabalhar. É como aposentado­ria: as pessoas pensam: ‘quando eu me aposentar vou fazer e isso’ e muita gente não faz. Mas se eu tivesse ganhado os R$ 30 milhões sozinha eu teria pedido demissão no dia seguinte”, brinca.

Por enquanto, continua com a vida normal, porque Cláudia decidiu investir todo o valor. A notícia do prêmio chegou no sábado e passou o final de semana em silêncio até receber o dinheiro na conta. Somente os filhos sabem o que houve naquele 27 de junho. “Eu deixei aplicado, porque tenho uma situação financeira que preciso resolver no próximo ano. Então, continuo trabalhand­o, com a vida normal, às vezes até esqueço disso”, brinca.

Nesses dois meses com extrato da conta mais recheado, aproveita com consciênci­a. “Mudou minha vida, porque eu fico mais segura, por exemplo, nós precisamos comprar um notebook, antes eu compraria um de R$ 2 mil, dessa vez nos permitimos procurar um modelo bom, então estamos nos permitindo pequenos luxos. Dei um upgrade nos gastos, mas com bastante consciênci­a.

E continua jogando, tentando a sorte mais uma vez. “Quero continuar, agora, além dos bolões, estou jogando sozinha também para ver se eu ganho os R$ 30 milhões todo. Eu até posso ainda reformar minha casa e construir a piscina, mas o carro importado vai ficar para quando eu ganhar os R$ 30 milhões”, brinca.

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Roberto Custódio Casas lotéricas recebem milhões de apostadore­s que sonham em receber um prêmio que os façam mudar de vida

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