Quando se pensa em educação no trânsito, o alvo sempre é o motorista. Porém, imprudência de pedestres também preocupa autoridades
CMTU lista alguns pontos do centro de Londrina, onde os pedestres se arriscam, ignorando a sinalização
“Eu não só atravesso na faixa de pedestres, como fico de olho nos carros. Se eu faço minha parte, os motoristas também devem fazer, mas se atravesso fora dela e acontecer algo, eu perco um pouco da razão. Eu já tenho 67 anos e criei esse hábito há muitos anos. É uma questão de educação”, disse o porteiro Neo de Oliveira Lopes.
Ele passa semanalmente na rotatória da rua Senador Souza Naves com a rua Celso Garcia Cid, no centro de Londrina.
O local é um dos mais representativos para a CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização) quanto ao risco que os pedestres se colocam no trânsito.
“O trecho tem toda a sinalização, inclusive foi uma das primeiras rotatórias a receber a faixa de pedestre, em 2009. Mas os pedestres atravessam na esquina para não terem que andar pouco mais de um metro e seguir com segurança”, comentou o diretor de Trânsito da CMTU, major Sérgio Dalbem.
O fato de a faixa de pedestres estar distante da rotatória tem uma explicação. “O veículo, ao parar para entrar na rotatória precisa ter um espaço livre para não interromper os demais carros que estão circulando nela”, justifica. A mesma situação ocorre nos outros trechos elencados pela CMTU: entorno do Terminal Urbano Central, esquina davenida Rio de Janeiro com rua Benjamin Constant e no viaduto das avenidas Leste-Oeste e Dez de Dezembro.
TERMINAL
“Quem vai acessar ou sair do terminal, ao invés de seguir pela calçada e atravessar na faixa, prefere se arriscar e atravessar a pista na diagonal. Até mesmo a faixa elevada existente no local deveria ser melhor explorada pelos pedestres. Nessa mesma rua, seguindo adiante na esquina com a Rio de Janeiro, a mesma coisa. As pessoas se arriscam para não ter que andar um pouco mais. É uma questão de ter paciência também”, ressaltou Dalbem.
Eu já tenho 67 anos e criei esse hábito há muitos anos; é uma questão de educação”
RIO DE JANEIRO
A advogada Aline Fernanda Moreira comenta que na esquina
da Rio de Janeiro com a Benjamin Constant, muitas pessoas tinham criado o hábito de atravessar na faixa que foi extinta. “A faixa foi pintada mais à frente e acabou ficando longe, mas as pessoas já tinham criado esse hábito. Passo sempre nesta rua, acho perigoso, mas também estava acostumada a atravessar por aqui”, justificou.
JOÃO CÂNDIDO
Na rua Professor João Cândido - um dos acessos ao Terminal Central - as pessoas se arriscam o tempo todo, inclusive idosos, com mobilidade e visão reduzida. “As pessoas adquirem um vício (de atravessar na diagonal) que é levado à rotina e em qualquer local, acabam atravessando dessa forma. Temos que estar sempre nos policiando”, avaliou Dalbem.
VIADUTO
No recém-inaugurado viaduto das avenidas Leste-Oeste e Dez de Dezembro, as faixas de pedestres também foram colocadas mais distantes do cruzamento da rotatória “para que os veículos parem sem atrapalhar o trânsito dos carros que estão fazendo a volta. O problema é que o pedestre não vai até a faixa e aí é que mora o perigo porque o veículo pode não ter tempo de parar”, reforçou o diretor de Trânsito.
Quem está na calçada do Terminal Rodoviário e precisa atravessar a av. Dez de Dezembro no início do viaduto (ou vice-versa) conta com uma faixa destacada em vermelho para passar com segurança. Porém, ao chegar no canteiro central é preciso caminhar cerca de cinco metros para chegar à outra faixa de pedestres e ir até o outro lado da pista. “Como neste lado não tem continuidade da faixa, as pessoas se arriscam atravessando no meio da rua e aqui é muito perigoso. Tem muito movimento e os carros vêm em alta velocidade”, observou Elena Torres, que trabalha em uma loja em frente ao viaduto.