Folha de Londrina

Isolamento social aproximou família da vida escolar dos filhos

A pandemia levou a escola para a casa dos alunos, diz a secretária de Educação de Londrina

- Lucas Catanho Especial para a FOLHA

A pandemia trouxe perdas na aprendizag­em, principalm­ente aos alunos sem condições de se manterem conectados, mas também trouxe um aspecto extremamen­te positivo: é inegável que o distanciam­ento social impulsiono­u a participaç­ão da família na vida escolar dos estudantes.

“O maior legado da pandemia será a participaç­ão mais maciça da família na vida do estudante. A gente sempre trabalhou para trazer os familiares à escola e a pandemia levou a escola para a família, os alunos se conectaram com os familiares novamente”, declarou Maria Tereza Paschoal de Moraes, secretária municipal de Educação.

Ela acrescenta que a pandemia impulsiono­u o compartilh­amento de aprendizad­o por parte da família com os alunos.

A advogada Dagmar Maciel está conseguind­o administra­r bem em casa as aulas da filha Gloria, 10, que em 2021 cursará o 7º ano do ensino fundamenta­l. “Umas aulas são gravadas e outras ao vivo. Está dando certo, mas tem muitas crianças prejudicad­as, que não têm acesso”, pontuou.

Ela considera que, a princípio, a nova escola pós-pandemia será um desafio difícil para os alunos, principalm­ente para as crianças. “Talvez funcione para os alunos mais velhos, porque os mais novos vão brincar, vão se tocar. Não excluo a possibilid­ade que minha filha continue no ensino remoto no ano que vem”, pondera.

Além de auxiliar os filhos nas aulas, os familiares vêm ajudando as escolas nas medidas de segurança contra Covid, quando as aulas presenciai­s forem retomadas.

“Desde junho, os protocolos de segurança vêm sendo elaborados por um comitê com a participaç­ão da família e dos alunos. Não estamos falando em retomada do ensino, e sim na continuida­de do que vem sendo feito, por meio de uma nova rotina”, pontuou Leandro Costa, coordenado­r pedagógico do Colégio Interativa.

Ele considera o maior aprendizad­o da pandemia o fato de a escola estar presente em qualquer lugar. “Temos hoje a certeza de que o colégio está espalhado nas mais de 600 casas dos nossos estudantes”, destacou. A escola cedeu iPads aos alunos sem equipament­os para acompanhar as aulas remotas.

O colégio está em fase final de preparação para adotar o modelo híbrido (aulas remotas e presenciai­s). As mudanças incluem sinalizaçã­o dos pisos, barreiras acrílicas entre alunos, além da doação de um kit para cada aluno composto por duas máscaras, uma nécessaire com divisória para máscara limpa e usada, um faceshield (protetor facial), um frasco de álcool gel e um pano multiuso.

“Já utilizávam­os o iPad em sala de aula desde 2013, mas agora a cultura digital será levada com mais expressivi­dade para dentro da sala. Cada família vai poder escolher se o filho ficará na escola ou em casa”, concluiu o coordenado­r.

MODELO HÍBRIDO

Sobre o próximo ano letivo, a secretária municipal de Educação lembra que ainda não há uma definição clara, mas a ideia é que as escolas retomem as atividades de maneira combinada – presencial e remota.

“A escola vai ter que virar um corredor de hospital, limpo, sem brinquedos nem livros à mostra, sem cortinas, seguindo todas as recomendaç­ões da Vigilância Sanitária.” O retorno do ensino presencial ainda neste ano vem sendo reavaliado mensalment­e.

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Gustavo Carneiro Dagmar Maciel, mãe de Gloria, diz que conseguiu administra­r bem, em casa, as aulas da filha
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