Isolamento social aproximou família da vida escolar dos filhos
A pandemia levou a escola para a casa dos alunos, diz a secretária de Educação de Londrina
A pandemia trouxe perdas na aprendizagem, principalmente aos alunos sem condições de se manterem conectados, mas também trouxe um aspecto extremamente positivo: é inegável que o distanciamento social impulsionou a participação da família na vida escolar dos estudantes.
“O maior legado da pandemia será a participação mais maciça da família na vida do estudante. A gente sempre trabalhou para trazer os familiares à escola e a pandemia levou a escola para a família, os alunos se conectaram com os familiares novamente”, declarou Maria Tereza Paschoal de Moraes, secretária municipal de Educação.
Ela acrescenta que a pandemia impulsionou o compartilhamento de aprendizado por parte da família com os alunos.
A advogada Dagmar Maciel está conseguindo administrar bem em casa as aulas da filha Gloria, 10, que em 2021 cursará o 7º ano do ensino fundamental. “Umas aulas são gravadas e outras ao vivo. Está dando certo, mas tem muitas crianças prejudicadas, que não têm acesso”, pontuou.
Ela considera que, a princípio, a nova escola pós-pandemia será um desafio difícil para os alunos, principalmente para as crianças. “Talvez funcione para os alunos mais velhos, porque os mais novos vão brincar, vão se tocar. Não excluo a possibilidade que minha filha continue no ensino remoto no ano que vem”, pondera.
Além de auxiliar os filhos nas aulas, os familiares vêm ajudando as escolas nas medidas de segurança contra Covid, quando as aulas presenciais forem retomadas.
“Desde junho, os protocolos de segurança vêm sendo elaborados por um comitê com a participação da família e dos alunos. Não estamos falando em retomada do ensino, e sim na continuidade do que vem sendo feito, por meio de uma nova rotina”, pontuou Leandro Costa, coordenador pedagógico do Colégio Interativa.
Ele considera o maior aprendizado da pandemia o fato de a escola estar presente em qualquer lugar. “Temos hoje a certeza de que o colégio está espalhado nas mais de 600 casas dos nossos estudantes”, destacou. A escola cedeu iPads aos alunos sem equipamentos para acompanhar as aulas remotas.
O colégio está em fase final de preparação para adotar o modelo híbrido (aulas remotas e presenciais). As mudanças incluem sinalização dos pisos, barreiras acrílicas entre alunos, além da doação de um kit para cada aluno composto por duas máscaras, uma nécessaire com divisória para máscara limpa e usada, um faceshield (protetor facial), um frasco de álcool gel e um pano multiuso.
“Já utilizávamos o iPad em sala de aula desde 2013, mas agora a cultura digital será levada com mais expressividade para dentro da sala. Cada família vai poder escolher se o filho ficará na escola ou em casa”, concluiu o coordenador.
MODELO HÍBRIDO
Sobre o próximo ano letivo, a secretária municipal de Educação lembra que ainda não há uma definição clara, mas a ideia é que as escolas retomem as atividades de maneira combinada – presencial e remota.
“A escola vai ter que virar um corredor de hospital, limpo, sem brinquedos nem livros à mostra, sem cortinas, seguindo todas as recomendações da Vigilância Sanitária.” O retorno do ensino presencial ainda neste ano vem sendo reavaliado mensalmente.