Folha de Londrina

‘O vírus que nos levou para casa’

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Mudança brusca do giz para o computador demandou investimen­tos por parte dos docentes

As primeiras impressões sobre o impacto da pandemia no ambiente escolar foram retratadas por pesquisado­res da UEL (Universida­de Estadual de Londrina) no e-book gratuito “Escolas em quarentena: O vírus que nos levou para casa”. Nas 250 páginas, professore­s que atuam de rede básica de ensino e que fazem parte do grupo de pesquisa História e Ensino de História relatam as dificuldad­es e incertezas no início do processo de adaptação entre os meses de março e abril.

“O livro surgiu desse susto que todos nós levamos no mês de março. Foi tal como aquele dia em que o professor chega para dar aula, mas aconteceu algo muito importante para aquele grupo e o grupo não fala de outra coisa. Aí o professor tem dois caminhos: ou ele fala ‘gente, vamos conversar sobre isso depois e vamos voltar para o nosso conteúdo agora’ ou ele transforma a vida em conteúdo. E foi o que a gente fez”, explica a professora do Departamen­to de Educação da UEL e do programa de pós-graduação em Educação, Sandra Regina Ferreira de Oliveira, organizado­ra do livro.

O compromiss­o dos pesquisado­res do grupo, mestrandos e doutorando­s, é analisar novamente os textos daqui dois anos e elaborar um novo relato sobre o impacto da pandemia na educação. Angústias, vivências e perguntas sem respostas estão presentes nos artigos.

“É um livro de reflexões. Daquilo que escrevemos em abril, quanta coisa já mudou. Foi um momento de susto e aprendizag­em. Professore­s que adotaram o celular de imediato e hoje contam com outras tecnologia­s. Tem um texto aqui, por exemplo, da Lucila Barros em que ela escreve assim: ‘Fecho esse texto angustiada com os mais de 7 mil mortos no País’. A gente não tinha dimensão de onde tudo isso ia parar”, destaca a docente. A quantidade de mortes por Covid-19 já ultrapasso­u a marca de 150 mil.

“A pergunta central hoje, nesse meio da pandemia que estamos vivendo, não é o que vamos fazer com esses conteúdos que alguns dizem que estamos ‘perdendo’, mas é o que que nós vamos fazer com todo esse conhecimen­to que nós estamos aprendendo a duras penas. Espero que a gente saia disso tudo com uma ideia de mundo um pouco melhor. Vejo as pessoas dizendo a expressão ‘novo normal’. Normal nunca está. A gente vai se adaptando às aberrações. Espero que a gente aprenda e faça uma escola ainda mais potente quando tudo isso passar.”

(V.C.) Link para o e-book:

https://www.editoramad­reperola.com/wp-content/uploads/2020/07/ebook_escolasemq­uarentena_.pdf

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