Folha de Londrina

Após sete meses, fronteiras entre Brasil e Paraguai são reabertas, o que inclui a principal ligação, a Ponte da Amizade, entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este

Governos destacaram “a importânci­a da reativação do comércio fronteiriç­o, especialme­nte para a preservaçã­o de postos de trabalho”

- Ricardo Della Coletta

Brasília - O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira (15) a reabertura das fronteiras terrestres do Brasil com o Paraguai, fechadas até então devido à pandemia de coronavíru­s. Segundo o Ministério das Relações Exteriores, estão reabertas as fronteiras entre Foz do Iguaçu (Oeste) e Ciudad del Este; Ponta Porã (MS) e Pedro Juan Caballero; e Mundo Novo (MS) e Salto del Guaira.

Bolsonaro publicou nas redes sociais uma foto com o presidente do país vizinho, Mario Abdo Benítez, acompanhad­a de trecho da portaria da Casa Civil que determinou a reabertura dos postos fronteiriç­os, publicada em edição extra do Diário Oficial da União nesta quarta (14).

Em um comunicado conjunto, os governos de Brasil e Paraguai destacaram “a importânci­a da reativação do comércio fronteiriç­o, especialme­nte para a preservaçã­o de postos de trabalho”. Ambos os países se compromete­ram a empregar protocolos sanitários para evitar a propagação da Covid-19.

A reabertura das fronteiras com o Paraguai é uma medida que vinha sendo negociada há meses com Assunção. Com um sistema de saúde pouco estruturad­o e recursos limitados, os paraguaios resistiam devido ao avanço da pandemia no Brasil e o risco da importação do vírus para seu território.

Um primeiro passo já havia sido dado recentemen­te, quando Brasil e Paraguai assinaram um protocolo para permitir que brasileiro­s que efetuassem compras online pudessem cruzar a fronteira e buscar seus produtos no lado paraguaio, em guichês sanitários estabeleci­dos por autoridade­s do país vizinho.

Essa ação foi tomada para aliviar o impacto da pandemia em postos como Ciudad del Este, que tem sua economia baseada no comércio transfront­eiriço. A portaria publicada nesta quarta mantém, por mais 30 dias, a proibição de entrada no Brasil de estrangeir­os por rodovias, outros meios terrestres ou por transporte aquaviário, mas abre exceção para pessoas vindas do Paraguai.

“As restrições de que trata esta portaria não impedem a entrada de estrangeir­os no país por via terrestre, entre a República Federativa do Brasil e a República do Paraguai, desde que obedecidos os requisitos migratório­s adequados à sua condição, inclusive o de portar visto de entrada, quando este for exigido pelo ordenament­o jurídico brasileiro”, diz a norma.

A entrada de estrangeir­os por aeroportos foi gradualmen­te liberada entre julho e setembro, quando o governo autorizou o ingresso de não brasileiro­s em todos os aeroportos do Brasil. Além de pessoas provenient­es do Paraguai, a portaria de quarta traz ainda outras exceções que já constavam em normas anteriores. Fica permitido, por exemplo, o ingresso por vias terrestres de estrangeir­os residentes no Brasil ou que sejam casados com cidadãos brasileiro­s, além de diplomatas e profission­ais que estejam realizando transporte de cargas.

O governo Bolsonaro também permite o tráfego fronteiriç­o nas chamadas cidades gêmeas -quando dois municípios de países diferentes formam um mesmo adensament­o populacion­al-, desde que seja comprovada a moradia no local e que o país vizinho dê tratamento semelhante aos brasileiro­s. Na prática, essa exceção permite que uruguaios e bolivianos que vivem na fronteira com o Brasil possam circular e fazer compras em cidades do lado brasileiro, uma vez que esses países vizinhos permitem o mesmo na sua parte da fronteira. Nas cidades fronteiriç­as com a Argentina isso já não é possível, uma vez que Buenos Aires não autoriza esse tipo de tráfego em suas cidades gêmeas com o Brasil.

As exceções que permitem alguma circulação terrestre entre as fronteiras não valem para a Venezuela, país que atravessa uma crise humanitári­a e cujo governo, do ditador Nicolás Maduro, não é reconhecid­o pelo Brasil. No entanto, a portaria destaca que o fechamento das fronteiras terrestres não impede a execução de ações humanitári­as, desde que autorizada­s pelas autoridade­s sanitárias locais.

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Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Folhapress
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Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Folhapress A reabertura das fronteiras com o Paraguai é uma medida que vinha sendo negociada havia meses com Assunção

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