Folha de Londrina

A velha política se recusa a morrer

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Na hora de tentar esconder dinheiro ilícito ou de propinas, alguns brasileiro­s não medem a criativida­de. Tudo pode virar esconderij­o: cueca, calcinha, panela e até um apartament­o transforma­do em bunker. Mas nem sempre essas maneiras de transporta­r dinheiro vivo têm sucesso. Talvez porque no Brasil essa “saída criativa” já esteja bem manjada.

O último caso de político que se envolveu em um desses escândalos foi o senador Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado pela PF (Polícia Federal) com dinheiro na cueca em operação de busca e apreensão na última quarta-feira (14). De acordo com informação da PF enviada ao Supremo, o parlamenta­r escondeu R$ 33.150 na cueca.

Várias pessoas ganharam fama e notoriedad­e após serem pegos com dinheiro em lugares inusitados da veste ou da casa. Um dos casos mais famosos foi o de José Adalberto Vieira da Silva, assessor do deputado federal José Guimarães (PT-CE), preso com US$ 100 mil encontrado­s na cueca, no aeroporto de Congonhas, em São Paulo.

A doleira Nelma Kodama, presa em uma das primeiras fases da Lava Jato, também chamou atenção pelo local escolhido para guardar euros ao tentar embarcar, no Aeroporto de Guarulhos, para Europa. Ela nega, mas a polícia garantiu que as notas estavam na calcinha.

O prefeito do município de Mauá, em São Paulo, Átila Jacomussi, transformo­u uma de suas panelas em cofre e guardou R$ 80 mil. A polícia descobriu as notas de reais quando cumpriu mandado de busca na casa do político, alvo da Operação Prato Feito, que mirava supostos desvios em contratos para o fornecimen­to de merenda escolar.

Ainda temos o caso emblemátic­o do “bunker do Geddel”, quando a PF realizou a maior apreensão de dinheiro vivo no Brasil. Em um apartament­o de Salvador a polícia encontrou R$ 51 milhões em caixas de papelão e malas.

Corrupção, lavagem de dinheiro, propina, sonegação. Os fantasmas da velha política rondam o País, apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter afirmado que havia “acabado” com a Lava Jato porque não existia corrupção em seu governo.

Chico Rodrigues era vice-líder de Bolsonaro no Senado e por determinaç­ão do ministro Luís Roberto Barroso, do STF (Supremo Tribunal Federal), ficará afastado do cargo por 90 dias.

Pesou na decisão do ministro a suspeita de que Rodrigues estaria se valendo de sua função parlamenta­r para desviar dinheiro destinado ao enfrentame­nto da maior pandemia. A velha política se recusa a morrer e não poupa merenda de crianças ou insumos para o tratamento da Covid-19.

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