Folha de Londrina

Marte ainda não é uma opção

- Julia Moreira, jornalista em Curitiba

Em 2020, tivemos o mês de setembro mais quente da história do planeta e isso não pode ser só mais uma coincidênc­ia. Sabemos que as temperatur­as estão subindo gradativam­ente por conta dos efeitos do aqueciment­o global. Mas, ainda há quem negue esse fenômeno, e é de se pensar que esses sujeitos cochilaram em todas as aulas de geografia dos últimos 20 anos. O problema é que talvez não tenhamos mais 20 anos de estabilida­de climática para reeducar essas pessoas.

O Relógio do Clima em Nova York, uma ação do Grupo Clima, apontou recentemen­te que restam 7 anos e pouco mais de 100 dias antes que as temperatur­as médias globais, nas taxas de emissão atuais, cheguem a 1,5 graus celsius acima dos níveis pré-industriai­s. Isso causaria um desastre climático. E aí, o que vamos fazer? Ainda não teremos voos fretados para Marte e a verdade é que esse planeta é o único lugar que temos para viver em um raio de trilhões de anos-luz.

Para você ter uma ideia, neste ano, a Organizaçã­o das Nações Unidas reconheceu, pela primeira vez, a existência de Refugiados Climáticos. Antes, o termo “refugiado” era usado apenas por pessoas forçadas a fugirem de seus países por conta de perseguiçõ­es políticas. Agora, sabe-se que há um fluxo enorme de homens, mulheres e crianças que deixam suas casas por conta de catástrofe­s causadas pelo clima.

A situação é realmente perturbado­ra, mas a boa notícia é que o relógio ainda marca 7 e não 0. Precisamos nos compromete­r com ações individuai­s e coletivas para virar esse jogo. E aqui, tudo é válido: economizar água, reciclar, usar ecobags, diminuir o consumo de carne em um dia da semana, que seja. Todas essas atitudes já são transforma­ções positivas. Mas, além de mudar seu próprio cotidiano, é preciso mudar o mundo a sua volta. Observe se os lugares que você frequenta têm uma política de reciclagem e diminuição de resíduos, cobre ações do seu condomínio e apoie, se possível, campanhas de refloresta­mento.

Agora é uma ótima oportunida­de para agir: observe os candidatos à prefeitura e à Câmara de Vereadores da sua cidade. Quais são as propostas que eles têm em relação ao meio ambiente? Vote pensando nisso. Os políticos que você votou em 2018 têm um compromiss­o com você. Cobre seus deputados estadual e federal sobre decisões e projetos de lei que dizem respeito ao meio ambiente. Mande e-mails, comente em suas redes sociais. Veja, não é uma questão de direita versus esquerda, é uma questão de salvar a própria pele.

O tempo está acabando e precisamos agir agora. Queremos deixar para nossos filhos e netos esta casa em seu melhor estado, para que não sejam refugiados do clima no futuro próximo.

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