Folha de Londrina

PREFEITURÁ­VEIS

Ex-vereador e empresário Álvaro Jr. (PV) abre série de entrevista com prefeiturá­veis. Candidato aposta na atração de indústrias para impulsiona­r geração de empregos

- Guilherme Marconi

Primeiro entrevista­do da série da FOLHA com os candidatos a prefeito de Londrina, o empresário Alvaro Loureiro Junior (PV) foi vereador no início da década de 1990. Agora, mais experiente, aos 61 anos, se diz preparado para assumir a gestão da cidade. Ele aposta na industrial­ização como caminho para “fazer a roda girar” e promete criar 20 mil vagas em quatro anos, além de isentar por dez anos impostos de grandes indústrias.

Na entrevista a seguir, o candidato ainda explica como pretende resolver gargalos na Caapsml (Caixa de Assistênci­a e

Aposentado­ria dos servidores municipais), no Plano Diretor e na área da assistênci­a social.

O que o motiva a voltar para a política quase três décadas depois?

Meu pai fundou Londrina. Quem construiu a primeira casa na cidade foi meu pai, Alberto Loureiro. O primeiro emprego gerado na cidade foi por Alberto Loureiro. Minha família tem grande identifica­ção com a cidade. Eu hoje sou empresário e tenho duas redes no mercado de papelaria e gero muitos empregos na cidade. Eu acho que chegou a hora da gente dar uma contribuiç­ão de tudo que tem para oferecer. Temos observado que não é o caminho que está se trilhando, não é o caminho que deveria se trilhar.

Com a pandemia, o saldo negativo no mercado de trabalho formal só em 2020 é de 4.100 vagas. Qual sua política para atração de empregos?

Você é bondoso demais. Londrina perdeu 17 mil empregos nos últimos seis anos. Somente no ano passado, houve um pequeno superavit, mas Londrina chegou a aparecer na 337ª posição no Paraná no ranking entre as piores em empregabil­idade. Olha que vergonha. No meu plano de governo a meta é buscar 20 mil empregos. Distribuir à cidade aquilo que se perdeu. Isso é uma meta, não quer dizer que vou atender, mas irei lutar por isso. Vou atrair industrias com isenção de 10 anos de impostos para indústria grande. Você pergunta quanto de arrecadaçã­o vamos perder? Nada, porque ela não está aqui. Se eu a trouxer para cá ela trará emprego e renda.

Como melhorar o PIB de Londrina, que hoje é de R$ 34.444,56 per capita, segundo o IBGE, e está abaixo do das demais maiores cidades do Paraná?

Só buscar Araucária (Região Metropolit­ana de Curitiba), que é uma cidadezinh­a que tem o PIB quatro vezes maior do que Londrina. O município está afundando, em todos os sentidos. Londrina é uma vergonha, na década de 1960 a cidade já teve o terceiro maior movimento do país no Aeroporto, ganhava até de Curitiba. Como uma cidade luz pode afundar e estar afundando deste jeito? Olha a fila dos hospitais por consultas. Os 17 mil desemprega­dos de Londrina vão bater onde? No SUS, ou seja, eles perderam o plano de saúde e foram parar na fila do SUS para consulta e cirurgia. Precisamos gerar emprego e renda para que o indivíduo possa ter acesso a bons empregos e a bons planos de saúde. Não adianta fazer mutirão, tem que gerar renda e riqueza.

Mas como o senhor vai atrair esse emprego, essa indústria?

Temos que gerar emprego na cidade. Sabe por que a roda tomba? Porque ela está parada. Temos que fazer girar o emprego em Londrina. Um exemplo, o viaduto da rodoviária foi construído por uma empresa de Maringá. Vamos fazer editais de licitação apenas com empresas com sede em Londrina e que tenham plano de saúde para seus funcionári­os. Quem não tiver esse pré-requisito não irá mamar na teta da prefeitura.

Mas isso não vai gerar um custo maior, com menos concorrênc­ia?

Pelo contrário, vamos gerar riqueza. O dinheiro vai ficar em Londrina.

O senhor tem acompanhad­o a discussão do Plano Diretor? Quais são os gargalos no planejamen­to urbano?

O Plano Diretor tem que ser estudado de forma cautelosa. Mas o que acontece aqui é que uma construtor­a compra um terreno em um zoneamento diferente do que o permitido e chega na Câmara para os vereadores mudarem o zoneamento, colocar o zoneamento que lhe interessa, fazendo ganhar uma fortuna consideráv­el e transforma­ndo o plano em um lixo. Vamos estudar com a sociedade, mas no meu mandato (o plano) terá que ser revisado ano a ano. Londrina cresceu muito rápido e de forma desordenad­a, ao contrário de Maringá. É muito polêmico, mas temos que acabar com essa farra na Câmara. Eu vou vetar tudo de onde é que venha, se não tiver base.

Como equilibrar a balança da Caapsml, que está com deficit financeiro e atuarial?

Quando fui vereador, no início dos anos 90, eu fui o único que votei contra o regime único pela Caapsml. Já imaginei que isso poderia explodir lá na frente. Quando tiver um rombo, o governo federal pode imprimir dinheiro, mas a prefeitura não. Nosso rombo está em quase R$ 2 bilhões. Não dá para fazer empréstimo. Quando a atual gestão iniciou, a Caapsml estava com R$ 200 milhões (no fundo) e agora não tem R$ 70 milhões. Terá que ter aporte. Mas posso afirmar que a próxima gestão não resolve o problema da Caapsml, ela ameniza porque é um problema muito grande.

Em seu plano de governo, o senhor citou a construção de um hospital municipal. De onde virão os recursos e onde irá ser?

Temos que ver a viabilidad­e no Plano Diretor, mas acredito que deveria ser na Santa Terezinha (zona leste). Meu objetivo é colocar junto à maternidad­e municipal e tirá-la de perto do estádio V.G.D. No plano de governo do atual prefeito (Marcelo Belinati), de 2016, ele fala da falta de vagas em UTIs. E por que ele não fez nada? Agora na pandemia alugou 50 lei

Uma criança na escola em tempo integral, você reduz a incidência de outros fatores que podem influir na sociedade

tos em hospitais filantrópi­cos por R$ 5 milhões. Que cálculo é esse? Isso é só o aluguel, e tem mais a remuneraçã­o para utilização. Com R$ 18 milhões dá para construir um hospital de médio porte. Quando se aluga alguma coisa você paga uma fração do produto. Ele não fez planejamen­to.

O senhor promete escola em tempo integral no seu plano de governo. Outros governante­s já fizeram essa promessa. Há viabilidad­e?

Nós temos um orçamento de mais de R$ 2 bilhões. Tudo depende do que você irá destinar para a educação. Nós podemos remanejar esse orçamento para deixar a criança mais tempo na escola. Uma criança na escola em tempo integral, você reduz a incidência de outros fatores que podem influir na sociedade. Uma criança sairá alimentada com cinco refeições e irá para casa cansada. Ela terá aula de música, de dança, eu quero fazer o que faço para as minhas filhas. Dá para fazer isso. Basta ter gestão. Sabe por que sou líder no meu ramo de papelaria? Eu luto com grandes redes, estou de pé e vivo. Tudo o que você quer, você faz.

O senhor citou cultura. O Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura) perdeu quase R$ 3 milhões no orçamento de 2021. Pretende dar continuida­de ao programa? A pergunta foi enviada pela editora da FOLHA 2, Célia Musilli.

Neste caso, eu queria a opinião dela. Na verdade, nós temos que trazer projetos e fomentar a cidade. Mas, para isso, temos que trazer as pessoas. Este campo eu não domino. Eu queria dominar esse assunto para dar um parecer. E sou honesto em dizer isso.

Segundo o último censo do IBGE, Londrina tem mil moradores de rua. Qual sua política para a assistênci­a social?

Hoje o maior problema do morador de rua é a dependênci­a química. Temos que tratar o foco. Temos que reverter isso, o que já não é uma tarefa fácil. Olha a cracolândi­a em São Paulo. Temos vários problemas sociais, olha o que ocorreu na Rodoviária de Londrina. E ainda tem aquele comerciant­e que jogou água (em um morador de rua). Tudo isso é um problema social. Eu não julgo o homem que jogou e também não julgo o morador de rua. Não é um problema de um ou de outro. É um problema da sociedade, e o prefeito, como líder da sociedade, tem que tomar, tem que resolver. Temos que encontrar também uma frente de trabalho e dar dignidade para essas pessoas. O outro problema é falta de moradia.

Qual sua política para habitação? O que fazer para garantir moradias populares?

Londrina tinha 72 assentamen­tos. Agora são 62. Quero contratar essas pessoas para participar. Não é um mutirão, mas um financiame­nto diferente para construir moradias dignas. A ideia é entregar uma casa mobiliada. Vamos comprar esses imóveis aqui para revolucion­ar e movimentar a cidade. Nosso PIB (Produto Interno Bruto) está em torno de R$ 18,9 bilhões, se não me engano, mas temos que jogar nosso PIB para R$ 25 bilhões.

Quando tiver um rombo, o governo federal pode imprimir dinheiro, mas a prefeitura não

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Gustavo Carneiro Álvaro Jr. foi vereador na década de 1990: “O município está afundando, em todos os sentidos”
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Posicione a câmera do seu celular no QR Code e ouça o podcast da entrevista.

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