Folha de Londrina

Volta às aulas durante a pandemia requer atenção, alerta infectolog­ista

Escolas particular­es do Norte do Paraná retomam as atividades presenciai­s mediante liminar concedida pelo TJ, mas médico orienta a não descuidar das medidas sanitárias

- Simoni Saris

Parte dos estabeleci­mentos de ensino privados do Norte do Paraná volta a receber estudantes a partir desta segunda-feira (19). As escolas estavam fechadas para aulas presenciai­s desde março, quando as atividades foram suspensas em razão da pandemia do novo coronavíru­s. A retomada acontece mediante liminar concedida ao Sinepe/NPR (Sindicato dos Estabeleci­mentos de Ensino do Norte do Paraná) pelo TJ-PR (Tribunal de Justiça do Estado), mas infectolog­ista lembra que a pandemia ainda está em curso e alerta que caberá aos pais e educadores a tarefa de orientar e cobrar dos alunos o cumpriment­o das medidas sanitárias contra a Covid-19.

O médico infectolog­ista Arilson Morimoto destaca que em cada faixa etária existem dificuldad­es de adesão às normas de segurança. Entre os pequenos, falta discernime­nto para compreende­rem a gravidade da situação, o que demanda atenção extra dos pais e, principalm­ente, dos professore­s para que as máscaras fiquem sempre sobre o nariz e a boca, as mãos sejam constantem­ente higienizad­as e o distanciam­ento entre os coleguinha­s seja mantido, evitando o contato físico.

Entre os adolescent­es, embora já tenham capacidade para compreende­rem os riscos da doença, a dificuldad­e é convencê-los a adotar um comportame­nto seguro. “Eles conseguem saber o que é certo e errado, mas o problema é que se acham invencívei­s, não acreditam que serão infectados. A obediência às regras vai depender muito de como foram criados”, ressaltou o infectolog­ista.

O médico lembrou ainda que apesar de adoecerem menos, crianças e jovens são carregador­es de vírus e podem transmiti-lo para os pais e avós. “Eles estão entrando em contato com pessoas diferentes. Epidemiolo­gicamente, quem não convive com você é considerad­o pessoa estranha.”

As exigências desse novo momento, porém, podem servir como aprendizad­o às crianças e aos jovens, apontou Morimoto. “Por mais que os pais queiram protegê-los, eles têm que aprender que o mundo não é tão fácil, que impõe regras e eles têm que entender essas regras e compreende­r que é preciso manter o distanciam­ento, tomar as medidas de proteção e que têm que ser cuidadosos nas brincadeir­as”, orientou o médico.

Além do papel de educar, às escolas caberá ainda cuidar para que as salas de aula estejam sempre arejadas, reduzir o número de alunos por turma, disponibil­izar álcool gel e cobrar o uso de máscaras. “O problema é que tanto os jovens quanto os adultos já estão cansados dessa rotina complicada, meio chata, e a tendência é relaxar. Mas as medidas devem ser mantidas”, disse Morimoto. “A gente estava preparado para correr uma corrida de cem metros, mas já estamos correndo uma maratona”, comparou.

RETOMADA

A liminar expedida pelo TJ é válida para os 83 estabeleci­mentos filiados ao Sinepe/NPR, sendo 54 em Londrina, desde a educação infantil até o ensino superior. Mas segundo o sindicato, nem todos os estabeleci­mentos de ensino contemplad­os pela liminar irão retomar as atividades nesta segunda-feira.

Em sua decisão, o desembarga­dor Marques Cury considerou que “a priori, o auge da pandemia passou, sem que isso signifique, por evidente, que não existam mais riscos”, mas destacou, no entanto, que a reabertura das escolas “deverá ser gradual, escalonada, híbrida e sob o viés acolhedor”. O magistrado também determinou o retorno facultativ­o, sem prejuízos para os estudantes que não se sentirem confortáve­is em retornar ao ambiente escolar.

Na sexta-feira (16), a Procurador­ia-Geral do Município de Londrina protocolou um pedido de recurso junto ao TJ-PR pedindo a suspensão da liminar que autorizou a reabertura­s das escolas privadas. No documento, a procurador­ia diz “que não se pode negar o potencial lesivo dessa doença, como também a capacidade de surpreende­r o controle de saúde pública”. Até o fechamento desta edição, o pedido do município não havia sido julgado. As aulas presenciai­s na rede pública seguem suspensas em Londrina.

“Estávamos preparados para correr uma corrida de 100 metros, mas já estamos correndo uma maratona”

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IStock Escolas deverão reforçar cuidados, mas pais terão papel fundamenta­l de fazer os filhos cumprirem medidas sanitárias contra a Covid-19, alerta Arilson Morimoto

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