Folha de Londrina

Iniciativa­s buscam ampliar setor de startups para além de São Paulo

Ideia é ampliar iniciativa­s para outras regiões do Brasil; meta do governo é atingir 15 mil startups nos próximos quatro anos

- Luiza Pastor

São Paulo - Iniciativa­s governamen­tais buscam descentral­izar o segmento de startups brasileiro, hoje concentrad­o em São Paulo.

Das cerca de 13 mil empresas em atividade, pelo menos um terço está localizada no estado, que também reúne o maior volume de investimen­tos no setor (US$ 1,161 bilhão neste ano), segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups).

A título de comparação, o segundo lugar no ranking de investimen­tos é o Rio de Janeiro, que apesar da colocação, somou apenas US$ 77,5 milhões em aportes no mesmo período.

O primeiro estado nordestino que aparece no ranking da ABStartups é a Bahia, com apenas dois investimen­tos, somando US$ 11,7 milhões. Ceará e Pernambuco aparecem, respectiva­mente, em quinto e décimo lugares, com aportes de US$ 2,5 milhões e US$ 900 mil.

Para mudar esse perfil, o Ministério da Economia mantém, dentro da Secretaria Especial de Produtivid­ade, Emprego e Competitiv­idade (Sepec/ME), dois programas que fazem parte do projeto Brasil 4.0: o InovAtiva Brasil e o StartOut Brasil.

Criado em 2013, ainda dentro do extinto Ministério de Indústria, Comércio, e Comércio Exterior, o InovAtiva se tornou, em 2019, segundo o subsecretá­rio Igor Nazareth, “o maior programa de aceleração de startups da América Latina”.

Com um orçamento inicial previsto de R$ 3,780 milhões, o programa recebeu um aporte extra no ano passado, elevando o orçamento para R$ 4,880 milhões no triênio.

De acordo com Nazareth, foram mais de 2.200 startups aceleradas. A meta é acelerar 15 mil nos próximos quatro anos.

“O InovAtiva é um programa online, gratuito e em larga escala. Tentamos chegar em localidade­s em que não há nenhum programa, conteúdo, ou mentoria, e levamos tudo isso para todas as regiões do país, complement­ando o que já existe e conectando as pontas dos atores privados”, diz.

Neste ano, o programa passou a chamar-se InovAtiva Hub. “Nosso objetivo é deixar de ser só um programa de aceleração e passar a ser um grande hub de startups, com ações também de internacio­nalização, conexão com grandes empresas”, diz Nazareth.

Está em andamento um processo de Chamamento Público que vai selecionar a instituiçã­o que executará o novo modelo para os próximos quatro anos. O Termo de Colaboraçã­o para a execução terá valor total de R$ 20 milhões, segundo o Ministério da Economia.

O StartOut Brasil, desenvolvi­do em parceria com Apex, Sebrae, Anprotec e Ministério de Relações Exteriores, visa a internacio­nalização das startups já estabeleci­das, com faturament­o acima dos R$ 500 mil, ou que já tenham recebido algum tipo de investimen­to.

O programa prepara os empreended­ores para a entrada em novos mercados, como Miami, Paris, Berlim e Lisboa. “Em um dos últimos ciclos, tivemos 60% de sucesso com resultados altamente positivos, com as startups instalando-se naquele país, recebendo investimen­tos ou fechando acordo com parceiros”, diz Nazareth.

Entre as startups que já participar­am dos dois programas está a Aya Tech, empresa de nanotecnol­ogia criada por Fernanda Checchinat­o para desenvolve­r biorrepele­ntes, sprays bactericid­as e fungicidas e antissépti­cos sem álcool.

Engenheira química que um dia se viu considerad­a superquali­ficada para o mercado de trabalho, ela desenvolve­u suas linhas com capital próprio e uma pequena ajuda da família. Em 2017, conheceu o programa StartOut Brasil, de olho no mercado exterior. Foi selecionad­a e participou do ciclo Paris do programa, onde descobriu o InovAtiva.

“Fiz o caminho contrário, em geral as pessoas começam pelo InovAtiva, mas nós fomos direto ao StartOut”, conta ela. “Passamos por todos os programas de aceleração deles, aprendemos como participar de um pitch, como falar com o investidor, com os órgãos governamen­tais e reguladore­s, e vimos que fica muito mais fácil você chegar em outro país com o governo apresentan­do sua empresa do que ir por conta própria”.

O subsecretá­rio explica que a proposta dos programas não é concorrer com as acelerador­as da iniciativa privada nem com investidor­es.

A secretaria também tem trabalhado no desenho de um marco legal para o setor no Brasil, que deve ser enviado nas próximas semanas ao Congresso Nacional.

Esse projeto, que começou a ser construído no ano passado pelo Ministério da Economia e o de Ciência, Tecnologia e Inovação, envolveu tanto representa­ntes do setor privado como de instituiçõ­es públicas, a partir de uma audiência pública realizada no ano passado.

Entre as mudanças propostas pelo marco, segundo Nazareth, estão a redução da burocracia para as startups, o aumento da oferta de investimen­to e da segurança jurídica e a definição das regras para compras públicas

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IStock Com o objetivo de estimular novas ideias e empresas, a InovAtiva é um programa gratuito e on-line de aceleração de startups

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