Amparadas por liminar, escolas particulares do Norte do Estado começaram a retomar as aulas presenciais nesta segunda-feira. Com limitação do número de alunos, retorno será gradual
Liminar autorizou instituições de ensino privadas a retomarem atividades presenciais
Amparadas por uma liminar, escolas particulares de Londrina e região puderam retomar as aulas presenciais a partir desta segunda-feira (19). A medida judicial contempla 83 estabelecimentos de ensino, sendo 54 em Londrina, mas pela manhã, apenas uma escola havia recebido alunos. Outra instituição retomou as atividades durante a tarde e uma escola de idiomas informou que reabrirá na terça-feira (20). A maioria dos estabelecimentos, informou o Sinepe/NPR (Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Norte do Paraná), deve voltar apenas na próxima segunda-feira (26).
Com enfeites e balões coloridos na entrada para recepcionar os alunos, o Colégio Dôminus foi o primeiro a reabrir as portas para as atividades presenciais nesta segunda. As aulas estavam suspensas desde março, em razão de decretos municipais. A mantenedora e diretora da instituição, Samara Alves Nunes, calculou entre 25% e 30% a adesão dos alunos.
Todos os protocolos de segurança foram adotados, como tapete sanitizante na entrada, álcool gel, disponibilização de máscaras descartáveis, aferição de temperatura e distanciamento entre os alunos. Desde abril, segundo Nunes, foi feito um trabalho de conscientização da comunidade escolar para um retorno seguro. A quantidade de alunos foi limitada a dez por sala de aula, mas em muitas delas havia carteiras vazias. Em uma turma, onde o número de alunos interessados em voltar às aulas presenciais excedeu a capacidade, será feito revezamento. Os estudantes foram divididos em dois grupos que irão à escola em dias alternados.
O tempo de permanência na escola foi reduzido para três horas, a cantina está fechada e não deverá reabrir até o final do ano e houve mudanças também no horário de intervalo. Em vez de um único horário para todas as turmas, serão dois recreios de dez minutos cada e as turmas serão divididas.
Os pais assinaram um termo de responsabilidade no qual também se comprometem a adotar as medidas de prevenção à Covid-19. “Esse termo não isenta o colégio de nenhuma responsabilidade, mas os pais deixam claro que estão cumprindo a parte deles. É uma responsabilidade conjunta”, esclareceu Nunes.
Nunes ressaltou que os alunos cujos pais optaram por não voltar para a escola neste momento, continuarão acompanhando as aulas de forma remota, junto com os colegas que estão em sala de aula.
Em relação ao conteúdo pedagógico, a escola prorrogou o calendário letivo até 22 de dezembro e irá antecipar o início do próximo ano letivo para 18 de janeiro. O conteúdo de 2021, porém, será iniciado mais tarde. “Houve perdas acadêmicas neste ano. Faremos avaliações diagnósticas para identificar as dificuldades dos alunos e, a partir de janeiro, faremos uma retomada de conteúdo individual. E no ano que vem, todos os professores deste ano irão acompanhar os alunos. Os professores do sexto ano, por exemplo, acompanharão os alunos ao longo do sétimo ano”, explicou Nunes.
GRADUAL E HÍBRIDO
Na escola Nova Geração, o retorno das aulas presenciais será gradual. Nesta segunda, foram retomadas as atividades presenciais no período vespertino para as turmas de P4 e P5. Para os demais estudantes, o retorno vai ser gradual e híbrido - com uma parte dos alunos presencial e outra parte, on-line. Os alunos que voltaram para a escola terão aulas presenciais entre duas e três vezes por semana e o restante dos dias, terão aulas remotas. A partir da semana que vem, as atividades presenciais recomeçam para os alunos maiores. A escola oferece ensino da educação infantil até o quinto ano.
“Um pouco antes de agosto, fizemos um plano de contingência elaborado com o Sinepe/NPR que fazia a previsão dos cuidados que deveríamos ter na escola em relação à segurança”, disse a diretora Ana Karolina Faccin Del Grossi. Além da aferição de temperatura, uso do álcool gel, máscara e distanciamento, as crianças foram orientadas a levar para a escola o próprio lanche, uma máscara extra para troca, um frasco de álcool gel e um pano multiuso para que possam reforçar a higienização de suas carteiras. A equipe de limpeza do colégio também foi treinada e deverá dar atenção especial às áreas críticas como corrimãos e banheiros.
O retorno às aulas neste momento, disse Grossi, não terá foco no conteúdo. O principal objetivo é acolher as crianças e proporcionar a elas a possibilidade de socialização. “Queremos que retomem o hábito do estudo, de vir para a escola. Não vamos correr com o conteúdo. Vamos retomando individualmente, cada um de uma maneira. Fizemos uma pesquisa entre os pais recentemente, e mais de 70% sinalizaram que irão aderir às aulas presenciais. A volta será gradativa até novembro.”
“A nossa intenção é dar aos pais o direito de escolher se querem enviar seus filhos para a escola ou não. Para os que optarem pelo retorno, será um ensino híbrido - um percentual vai ficar em casa e o outro, na escola. O momento é de acolhimento e com muita calma”, destacou a vice-presidente do Sinepe/NPR, Maria Antônia Fantaussi.
RETORNO
Aos 11 anos, Sophya de Oliveira se viu impedida de entrar em muitos lugares durante a pandemia. Em vários estabelecimentos comerciais, a idade mínima permitida para os frequentadores é acima de 12 anos e ela já estava cansada de ficar em casa ou no carro, esperando os familiares voltarem das compras. Para ela, retornar à escola representou o fim da monotonia. “Estava com muita vontade de voltar. Ficava acompanhando as aulas só pelo computador, mas cansa muito. É bom encontrar os amigos de novo”, disse a aluna do sexto ano.
“Ficava acompanhando as aulas só pelo computador, mas cansa muito”