Folha de Londrina

Série de entrevista­s segue com o ex-prefeito Barbosa Neto (PDT). Ao se dizer mais ‘calejado e preparado’, candidato comenta cassação e detalha plano para retomada de empregos

Ex-prefeito Barbosa Neto, cassado por corrupção em 2012, fala em facilitar a vida do pequeno, médio e grande empresário para retomada de empregos na cidade

- Guilherme Marconi

O ex-prefeito Barbosa Neto (PDT) entra na disputa municipal pela quarta vez, oito anos após ter o mandato cassado pela Câmara de Vereadores. Ele diz estar “mais preparado, mais calejado”. Nega irregulari­dades na sua gestão e diz que está em plena condições jurídicas para concorrer nestas eleições. Responsáve­l por implantar a Guarda Municipal e a Lei Cidade

Limpa em Londrina - projetos inusitados e polêmicos à época -, Barbosa Neto afirma que pretende fazer uma gestão “arroz com feijão”, segundo denominado em seu plano de governo, e credita sua cassação em 2012 a uma “ação política”.

O que o motiva a voltar para a prefeitura oito anos após a cassação?

Justamente esse fato, né? Faltava um ano para eu completar esse mandato (N.R. Eleito em 2009, Barbosa Neto foi cassado em 2012, no último ano de seu mandato). Eu não tive direito de fazer os quatro anos e os belos projetos que nós apresentam­os e o sucesso que tivemos em tão pouco tempo de administra­ção. Se for olhar a revolução que nós fizemos em Londrina em curto espaço de tempo foi realmente marcante. Então eu creio que preciso terminar esse meu mandato e quero colocar meu nome novamente à apreciação.

O Ministério Público tentou impugnar sua candidatur­a por essa questão da cassação. Como está sua situação na Justiça Eleitoral?

Eu fui inocentado pelo Tribunal de Justiça, foram 35 votos a zero. Na Câmara foram votos dos vereadores e foi uma cassação política que motivou a minha saída da prefeitura. Neste caso da Centronic fui inocentado até pela Justiça Trabalhist­a, então não há erro da minha parte, eu não fui preso, eu não fui afastado do cargo. Só fui tirado por uma questão política numa junção de PT, PSDB, PP e PTB porque eu tinha uma ascensão, e por não ser de PT ou não ser da família Belinati ou não ser da elite de Londrina. O único que furou realmente esse bloqueio e conseguiu ser prefeito, um jornalista, radialista de família pobre.

Naquele período houve várias denúncias em contratos da CMTU, Secretaria de Saúde e até da Educação. O senhor nega participaç­ão nas supostas fraudes em licitações?

Algumas irregulari­dades podem até ter ocorrido. Qual prefeito que não comete isso? A velocidade e número de projetos da nossa parte eram grande e provavelme­nte houve erros, mas nenhum deles teve minha participaç­ão. Esses erros formais que até existiram foi por questão de rubrica orçamentár­ia. Nós fizemos o concurso da Guarda Municipal, mas não houve desvio, não houve nenhum dolo natural da minha parte. O povo sabe, eu tô aí nesses últimos oito anos, as pessoas sabem como eu perdi patrimônio, não enriqueci, não tô fingindo nada disso. Londrina me conhece, tanto é a minha baixa rejeição. O povo sabe onde eu estou, meu trabalho. Tanto é que estou muito mais calejado, muito mais preparado. Justamente por estar mais experiente.

Qual sua prioridade para atração de empregos e renda?

Temos que facilitar a vida do empresário, seja ele pequeno, médio ou grande para que ele possa ter prosperida­de e com isso os seus funcionári­os também. Nós tínhamos na época casa do contabilis­ta dentro da prefeitura no primeiro andar, que resolvia tudo Nós fomos recordista­s na abertura MEI (micro empreended­or individual), na época Londrina saiu entre as dez cidades do Brasil que mais geraram empregos pelo MEI, mas nós atraímos várias outras indústrias. Ao invés de penalizar o empresário eu facilitei a vida quando reduzi alíquota de ISS para empresas do ramo de consórcios, que geraram vários empregos limpos para a cidade. Eu acho um erro você penalizar pessoa por um imposto mais perverso que existe, que é o IPTU, como fez o atual prefeito e colocou o IPTU como a principal fonte de receita da prefeitura, sendo que ela tem que ser o ISS. Esse IPTU deveria demorar 100 anos para chegar nesse valor de 500%. Foi uma pancada muito forte contra o povo londrinens­e.

Como gerar riqueza e melhorar o PIB de Londrina, que está abaixo do das demais principais cidades do Paraná?

Eu vejo candidato prometendo isso e aquilo, mas quando chega no poder não é bem assim. Vou chamar atenção aqui e pegar como base a Athos, empresa de base tecnológic­a que chegou aqui na minha administra­ção gerando 400 empregos nas competiçõe­s com Curitiba e com Campinas.

Como o senhor tem acompanhad­o esse debate do Plano Diretor na Câmara Municipal?

Me desculpa, mas faltou por parte da Prefeitura colocar isso como prioridade número um. Eu fui o primeiro prefeito que teve que assumir a prefeitura com obrigação do Plano Diretor pronto, e isso era uma determinaç­ão do Governo Federal e do Estatuto das Cidades, que começou na gestão anterior a minha e passou a valer ali especifica­mente. Então nós fizemos diversas audiências públicas, mas me perdoa, a sociedade precisava conhecer como isso funciona e participar. Tem muito “lobby” sendo feito e com o beneplácit­o de vereadores, inescrupul­osos inclusive, que a seu bel-prazer, de acordo com o interesse sabese lá por quais motivos, mudam uma lei de zoneamento ou para favorecer o cresciment­o da cidade para uma determinad­a região em troca de benefício.

Só fui tirado por uma questão política numa junção de PT, PSDB, PP e PTB porque eu tinha uma ascensão”

Como o senhor pretende sanar o déficit financeiro e atuarial da Caapsml?

Essa foi a maior mentira contada pela atual administra­ção, que prometeu aumentar o IPTU e com dinheiro fazer o aporte financeiro na Caapsml. Não foi feito o que realmente precisa ser feito, que é uma ampla reforma da Previdênci­a Municipal. Houve a reforma federal, uma reforma estadual e ago

ra o município tem que fazer a sua parte, não adianta querer ficar esperando. O fundo já está no limite e vai ter que ser resgatado esse dinheiro, senão no fim do ano se não houver um aporte por parte da prefeitura, os aposentado­s e pensionist­as correm o risco de não receber os seus benefícios.

No seu plano de governo o senhor promete construir unidades de saúde 24 horas. Tem verba para tudo isso?

Basta definir prioridade. As duas únicas UPAs saíram na nossa lavra. Uma eu que inaugurei e a outra que eu deixei o dinheiro em caixa, terreno escolhido e projeto pronto. Londrina precisa de pelo menos quatro UPAs. Mas temos que fortalecer a prevenção. No programa Saúde da Família, através do Nasf, Núcleo de Atenção à Saúde da Família, aumentando o número de equipes você evita contratar médico generalist­a, evita que a pessoa tem que ir no posto de saúde e aí você faz essa redistribu­ição. Está provado ainda mais agora com a pandemia como é importante que a pessoa não vá para o posto de saúde porque lá ela pode contrair uma outra doença, principalm­ente a população de risco,

Qual a importânci­a do Promic (Programa de Incentivo à Cultura) para o candidato?

Nós vamos investir R$ 10 milhões no Promic. Eu fui o único prefeito, embora não tenha sido criado na minha gestão, que fez com que o orçamento do Promic fosse a 0,86% do orçamento municipal. O programa é importantí­ssimo, principalm­ente agora no pós-pandemia. As festas rurais, que acabaram, nos distritos muitas delas eram geridas por recursos do Promic. O programa ajudou muito na própria atenção da criança de forma integral. Londrina é a cidade dos festivais (dança, teatro e música). Nós queremos que isso volte a ter uma efervescên­cia. Cultura gera renda para nossa cidade e é principal manifestaç­ão do nosso ser.

Como solucionar uma questão social grave no nosso município: a situação dos moradores de rua?

Pegar de empreita, como fizemos com vários problemas sociais que fizemos. Tem que ter um cadastro. Esse Centro Pop foi uma obra da nossa administra­ção. Nós não podemos permitir que essa abordagem seja feita dessa forma. Uma reeducação no próprio comportame­nto das pessoas. Vamos chamar o Ministério Público para a gente sentar e encontrar uma solução como outras cidades já fazem esse tipo de abordagem e esse tipo de encaminham­ento.

O senhor foi responsáve­l por projetos como a Guarda Municipal e o Cidade Limpa. Agora seu programa de governo tem apenas duas páginas e é denominado “arroz com feijão”. Por que do nome: faltou tempo ou criativida­de?

Eu tenho um plano de governo mais denso, mais rebuscado. Só que para você mandar para o TRE quis mandar um simples. Por que arroz com feijão? Porque é o básico, porque é simples e também para não ser copiado pelos outros adversário­s. Foi assim que aconteceu, se lançam a ideia, se dá uma entrevista e depois todo mundo corre atrás. Eu quero fazer o simples porque o simples é mais econômico e mais eficaz. Embora possa parecer simplório, populista até, mas eu gostei dessa provocação. É na verdade muito mais denso, muito mais importante do que possa parecer.

Posicione a câmera do seu celular no QR Code e ouça o podcast da entrevista.

Londrina precisa de pelo menos quatro UPAs. Mas temos que fortalecer a prevenção”

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Sérgio Ranalli Barbosa Neto garante não ter pendência na Justiça Eleitoral; ele promete investir R$ 10 mi no Promic
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