Presidente do Conselho de Ética sugere licença de 120 dias para ‘senador da cueca’
Brasília
- O senador Jayme Campos (DEM-MT), presidente do Conselho de Ética do Senado, defendeu nessa segunda-feira (19) que Chico Rodrigues (DEM-RR), flagrado com dinheiro escondido na cueca, peça licença do mandato por 120 dias.
Se a orientação for aceita, Rodrigues terá 30 dias a mais para se defender do que o tempo do afastamento determinado pelo ministro Luís Roberto Barroso.
Na quinta-feira (15), o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) havia determinado que o congressista seja afastado do mandato por 90 dias. A decisão final, contudo, cabe ao Senado, que precisa votar o afastamento em plenário.
“Se eu fosse ele [Rodrigues] eu pediria licença do cargo por 120 dias. Seria cavalheiro da parte dele e ninguém poderia acusá-lo de estar usando o cargo para interferir no conselho”, disse Campos.
O presidente do colegiado levou a sugestão ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), com quem esteve reunido em Brasília. Alcolumbre ainda não se posicionou sobre o tema.
Na sexta-feira (16), a Folha de S.Paulo mostrou que um grupo de senadores têm articulado um movimento para analisar no Conselho de Ética o caso de Rodrigues, retardando, com isso, a decisão do Supremo.
Os congressistas falam em mandar um recado ao STF para limitar a ação do Judiciário sobre o Congresso.
Parte dos senadores defende que, antes de ser afastado, como quer Barroso, Rodrigues seja julgado pelo Conselho de Ética.
Com isso, eles contornariam a decisão, por ora monocrática, e dariam mais tempo a Rodrigues para se defender, antes de o caso ir ao plenário do Senado.
A liminar (decisão provisória) será analisada pelo plenário do STF nesta quarta-feira (21). O julgamento foi marcado pelo presidente da corte, Luiz Fux, a pedido de Barroso.
Ainda na sexta-feira, o Conselho de Ética recebeu uma representação por quebra de decoro parlamentar contra Rodrigues. Rede e Cidadania querem a cassação do mandato.
“TERRORISMO POLICIAL”
A defesa do senador Chico Rodrigues disse nessa segunda-feira (19) que a reação do parlamentar foi “impensada” e tomada diante do que ele chamou de “terrorismo policial”.
O senador era vice-líder do governo Jair Bolsonaro na Casa e deixou o posto. Ele foi alvo de mandado de busca e apreensão pela Polícia Federal, em Boa Vista, em operação que apura desvios em verbas de combate à Covid-19 na última quarta-feira (14).
De acordo com informação da Polícia Federal enviada ao Supremo, o parlamentar escondeu R$ 33.150 na cueca. Desse total, R$ 15 mil em maços de dinheiro estavam entre as nádegas.
“Foi uma reação impensada, de fato, mas tomada diante de um ato de terrorismo policial, sem que haja qualquer evidência de desvio em sua conduta”, disse a defesa, em nota enviada à imprensa.
A nota, assinada pelos advogados Ticiano Figueiredo, Pedro Ivo Velloso e Yasmin Handar alega que o dinheiro encontrado com o senador tem origem particular comprovada. Segundo eles, o recurso se destinava ao pagamento dos funcionários de empresa da família do senador.