Vacinação contra Covid vai começar por profissionais da saúde
Maiores de 75 anos e indígenas também estão entre os grupos prioritários
Brasília e São Paulo -OMinistério da Saúde determinou que a vacinação contra a Covid-19 no Brasil deve começar com profissionais da saúde, idosos a partir de 75 anos, população indígena e quem tem mais de 60 anos e viva em asilos ou instituições psiquiátricas. A data de início da campanha não foi divulgada, mas a previsão é que ele ocorra entre março e junho.
Com isso, na primeira de quatro etapas de imunização traçadas pelo Ministério da Saúde, serão vacinados cerca de 13 milhões de brasileiros, ou em torno de 6% da população. O cálculo é feito com base em dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e de especialistas.
A delimitação do grupo prioritário consta de uma proposta preliminar. O plano inicial foi divulgado na terça-feira (1º) pela pasta, por meio de nota.
Pelos protocolos de combate à pandemia do novo coronavírus, são considerados grupo de risco pessoas com mais de 60 anos (definição de idoso, segundo a Organização Mundial da Saúde) e aquelas com comorbidades como diabetes, obesidade e doenças renais. O ministério prevê, por ora, quatro fases da vacinação da população. Já havia sido dito que em 2021 a vacinação não abrangerá toda a população brasileira.
Essas quatro etapas da campanha de vacinação vão atingir 109,5 milhões de pessoas, nas estimativas do ministério, ou 51,4% da população do País.
A quantidade leva em conta a imunização por meio de duas doses, como previsto nos acordos já garantidos pelo governo brasileiro para obter a vacina: pela parceria Fiocruz, Universidade de Oxford e AstraZeneca e por meio da aliança Covax Facility, um pool para acelerar o desenvolvimento e distribuição das primeiras vacinas comprovadamente eficazes (há nove candidatas a vacina listadas na aliança).
No calendário apresentado, a primeira etapa vai imunizar 8,1 milhões de idosos com mais de 75 anos, conforme dados do IBGE. Além disso, o País tem mais de 800 mil de indígenas e cerca de 300 mil pessoas vivendo em Instituições de Longa Permanência para Idosos (Ilpi), segundo a pesquisadora da USP Yeda Duarte.
De acordo com levantamento da Fiocruz, o País também tem 3,5 milhões de profissionais de saúde atuando apenas no SUS (Sistema Único de Saúde). A população total do Brasil, segundo projeção do IBGE, é de 212,4 milhões de pessoas.
O planejamento do Ministério da Saúde prevê, em uma segunda fase, vacinar quem tenha de 60 a 74 anos. A etapa seguinte, a terceira, prevê a imunização de pessoas com doenças (como as cardiovasculares) que elevam o risco de agravamento da Covid-19. A quarta e última etapa deve abranger professores, forças de segurança e salvamento, funcionários do sistema prisional e a população privada de liberdade.
A geriatra Maisa Kairalla, presidente da comissão de imunização da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, alerta que é preciso ponderar o número de idosos em cada faixa etária, suas comorbidades e exposição. “Quanto mais ativo e mais novo, ele sai mais, fica mais exposto. Tem muito idoso na faixa dos 60 anos trabalhando como Uber, por exemplo”, afirma.
Dados do próprio Ministério da Saúde mostram que a faixa etária entre 60 e 79 anos foi a que concentrou maior taxa de mortes por Covid-19, 46,9%. Os idosos com 80 anos ou mais somaram 22,3%.
Nota do ministério reforça que se tratam de “definições preliminares” da estratégia que vai pautar a vacinação da população contra o novo coronavírus. “É um grande desafio que temos pela frente. Mas temos capacidade técnica, tempo, expertise e pessoas reunidas com vontade fazer o melhor plano do mundo”, afirmou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, na nota.
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