‘Um dia de cão’ em três episódios
Atualizando o “dia de cão”. Em 24 horas, três municípios localizados em diferentes regiões do país viveram horas de horror com ataques violentos a agências bancárias. O primeiro, ao Banco do Brasil, em Criciúma, no estado de Santa Catarina, está sendo considerado o maior do tipo na história daquele estado.
A ação assusta pela ousadia e evidente grau de planejamento e sofisticação da quadrilha. Pelo menos 30 criminosos participaram, usando dez automóveis e armamento de calibre exclusivo das Forças Armadas. Os criminosos atacaram o 9º Batalhão da Polícia Militar com tiros nas janelas, bloqueio na saída com um caminhão em chamas e explosão acionada por celular. Também usaram reféns como escudos.
Foram duas horas de horror. “Uma ação sem precedente”, “algo inédito no estado”, “uma ação planejada com vários meses de antecedência” algumas das declarações das autoridades de segurança, incrédulas. Nenhum assaltante foi preso, mas quatro moradores da cidade que recolheram R$ 810 mil espalhados pelo chão após a explosão de cofres foram detidos.
O mesmo tipo de ataque se repetiu na madrugada de terça-feira (1) em Floraí, no Noroeste do Paraná, com ladrões explodindo duas agências bancárias.
Na madrugada desta quarta-feira (2), mais uma ação violenta e evidentemente bem planejada aconteceu em Cametá, cidade de 140 mil habitantes localizada a 235 km de Belém, no Pará. Homens fortemente armados cercaram o quartel da Polícia Militar, fizeram reféns, atacaram ao menos uma agência bancária da cidade com explosivos, atiraram para cima e provocaram pânico entre os moradores. Uma pessoa morreu vítima dos criminosos. Assim como ocorreu em Criciúma, a quadrilha utilizou armamento pesado, exclusivo das Forças Armadas.
Se até o final do século 20 a violência se concentrava nas capitais e cidades de grande porte, a partir da segunda década deste século percebeu-se uma mudança na dinâmica das ações principalmente das quadrilhas de assalto a bancos. Municípios de pequeno e médio portes são o alvo da vez.
Como proteger a população de assaltantes que têm poder financeiro e acesso a armamento que nem as polícias militar e civil têm em mãos? Como combater quadrilhas que podem se dar ao luxo de planejar por meses um ataque e executá-lo com precisão e frieza?
A Polícia Civil terá que agir também de maneira organizada e com planejamento, obviamente, em parceria com a Polícia Federal. O sistema de inteligência das polícias é a maior arma contra esse tipo de crime.
Obrigado por ler a FOLHA!