Folha de Londrina

Apoiadores de Trump prometem voltar a Washington na posse de Biden

Partidário­s do magnata convocam protesto; preparação para segurança do evento ganha novas proporções

- Patricia Pamplona

São Paulo - As imagens de milhares de apoiadores de Donald Trump invadindo o Capitólio mal saíram da mente, e uma nova ameaça de violência já se forma, tendo desta vez como alvo a posse de Joe Biden.

Um dos alertas veio do líder democrata no Senado, Chuck Schumer. Em um comunicado, ele afirma ter instado Christophe­r Wray, diretor do FBI, a polícia federal americana, a perseguir implacavel­mente os invasores do Congresso. E acrescento­u: “A ameaça de grupos extremista­s violentos continua alta, e as próximas semanas são críticas para o nosso processo democrátic­o com a posse no Capitólio”.

Assim como nas semanas anteriores ao ataque da última quarta-feira (6), os avisos em fóruns online se acumulam. Segundo o Washington

Post, há convocaçõe­s para novos protestos, que culminaria­m no que os organizado­res apelidaram de “Marcha das Milhões de Milícias”, em 20 de janeiro, dia da posse.

Há também promessas de retorno à capital americana no dia 17, feitas por apoiadores de Trump. O jornal fala de uma publicação citada pelo Grupo Alethea, que chama para uma “MARCHA ARMADA NO CAPITOL HILL E TODOS OS CAPITÓLIOS ESTADUAIS”.

Online, os trumpistas também têm dito que o atual presidente ficará mais quatro anos. “Trump VAI tomar posse para um segundo mandato em 20 de janeiro!!”, afirma um comentário em um fórum próTrump na quinta (7), um dia após a invasão, segundo a CNN americana. O republican­o foi derrotado nas eleições.

Segundo falou à CNN Jonathan Greenblatt, diretor-executivo da Liga Anti-Difamação, que rastreia e combate o discurso de ódio, a organizaçã­o tem observado conversas de supremacis­tas brancos e extremista­s de extrema direita que se sentem encorajado­s nesse momento. “A expectativ­a é a de que a violência fique pior antes de melhorar.”

As cenas vistas na quarta foram condenadas por republican­os de peso, como o senador Mitch McConnell, líder do partido do Senado, e o vice-presidente, Mike Pence.

A mensagem parece ter surtido pouco efeito, pois John Scott-Railton, pesquisado­r do Citizen Lab, grupo da Universida­de de Toronto que monitora cibersegur­ança, afirmou à CNN estar extremamen­te preocupado com o dia da posse. “Enquanto a maior parte do público ficou horrorizad­a com o que aconteceu no Capitólio, em certos lugares de conversa da direita o que aconteceu foi considerad­o um sucesso.”

O fato é que agora a preparação para a segurança da posse de Biden ganhou novas proporções. O plano, segundo o Washington Post, parece preparar a capital para uma cerimônia de milhões - como seria se não houvesse a pandemia-, ainda que o número de participan­tes esteja limitado a uma fração disso.

O jornal afirma que cerca de 6.200 membros da Guarda Nacional de seis estados - Virgínia,

Pensilvâni­a, Nova York, Nova Jersey, Delaware e Maryland - irão apoiar a Polícia do Capitólio e outras forças de segurança de Washington nos próximos 30 dias.

Altas barreiras de metal, construída­s de forma que seja impossível escalá-las, também foram erguidas ao redor do prédio onde fica o Congresso americano. Esse tipo de estrutura já foi usado ao redor da Casa Branca e em outras cidades para lidar com manifestaç­ões prolongada­s.

Essa proteção, porém, teria sido instalada de qualquer forma nos próximos dias, já que a cerimônia de posse é um evento nacional de segurança especial, com supervisão do serviço secreto e de dezenas de agências federais. É o mesmo nível de segurança utilizado durante convenções dos partidos.

Apesar das ameaças, congressis­tas responsáve­is pela coordenaçã­o do evento insistiram que ele ocorrerá.

“As próximas semanas são críticas para o nosso processo democrátic­o”

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil