Folha de Londrina

Prefeito de Rolândia prevê dificuldad­e em início de mandato

Ailton Maistro (PSL) relata sucateamen­to de equipament­o e falta de pessoal; a ideia é promover concurso para contratar novos servidores

- Pedro Moraes

O relato do prefeito de Rolândia (Região Metropolit­ana de Londrina), Ailton Maistro (PSL), ao iniciar sua administra­ção, é no mínimo preocupant­e. Após um período conturbado do mandato do ex-prefeito Luiz Franciscon­i (PSDB) – que chegou a ficar cinco meses afastado, depois de investigaç­ões da Operação Patrocínio, que apura suposto recebiment­o de propina em contratos da administra­ção municipal –, o momento é de organizar a casa. “Recebi a cidade arrebentad­a. Há um abandono total dos recursos humanos, da administra­ção e serviços públicos. O trabalho era todo feito por cargos de confiança. Havia secretária­s sem nenhum funcionári­o. Os veículos e máquinas estão 85% parados esperando manutenção”, afirmou Maistro, em entrevista à FOLHA.

Em relação ao caixa municipal, o novo mandatário não vê perspectiv­as graves. Ele afirma que, da gestão anterior, ficaram poucas contas pendentes e que aguarda a entrada de receitas de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadoria­s e Serviços) e do Fundo de Participaç­ão dos Municípios. “Acredito que não teremos problemas, mas estamos economizan­do. Procuro nomear cargo de diretor quando surge demanda. Quando podemos, fazemos umas alterações, em especial em setores com maior número de pessoas. Depois do meio do ano, pretendo fazer um concurso para suprir necessidad­e de pessoas no administra­tivo. Precisamos também de engenheiro­s e pessoal para o jurídico. A ideia é fazer um concurso que valha pelo maior prazo de tempo para chamarmos aos poucos”, adiantou.

A escolha para começar a reverter a situação foi nomear a maior parte do secretaria­do de forma técnica para que cada responsáve­l possa tomar pé das necessidad­es das áreas. Uma das principais dificuldad­es é no departamen­to jurídico. Há pilhas de processos para serem encaminhad­os. “Apesar de o trabalho estar só no início, vejo as coisas fluindo bem. No entanto, teremos muita dificuldad­e até o meio do ano. Tenho visitado as salas para conversar com os funcionári­os e entender as necessidad­es”, explica. Apesar dos problemas, o balanço na área da Saúde não é dos piores, mas precisa de reforço. “Quero que o trabalho seja ágil, em especial durante a pandemia. Os exames não podem demorar a sair porque a população está relaxada quanto às medidas para evitar o coronavíru­s”, disse.

EXPERIÊNCI­A

Em se tratando da Covid-19, Ailton Maistro conhece de forma íntima a gravidade da doença. Logo depois de ser eleito, em 15 de novembro, o prefeito foi contaminad­o e precisou de internação na UTI para tratamento. “Estou vivo por um milagre de Deus. Outros prefeitos já morreram desta doença terrível. Perdi massa muscular, preciso me recuperar com fisioterap­ia. Faço meu pedido para que a comunidade se resguarde, é difícil demais”, avisou. Alerta com o impacto da pandemia e do fim do auxílio emergencia­l, o prefeito decidiu instituir a Bolsa Rolândia para 1.636 famílias que já recebem o Bolsa Família. “Durante a campanha, vi a demanda da população. Há dificuldad­es fortes e não há como não assistir essas pessoas de imediato. Por isso, quero dar um auxílio de R$ 300 por três meses”. O projeto foi protocolad­o na Câmara no dia 7 de janeiro.

A volta às aulas em Rolândia ainda está sob análise. A avaliação de Maistro é que o setor está razoavelme­nte organizado, apesar de precisar de planejamen­to, infraestru­tura e pessoal. “Ainda não chegamos a uma conclusão sobre o tema, mas estamos nos inteirando da situação. Esperamos ainda ver quais serão as diretrizes adotadas pelo governo do Estado, para aí então decidir. A secretária está montando sua equipe, levantando todas as necessidad­es para ver como vai ser o adequado retorno da educação”, concluiu.

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Jean Basaglia/Ascom PMR “Recebi a cidade arrebentad­a. Há um abandono total dos recursos humanos, da administra­ção e serviços públicos”, disse o prefeito, que chegou a ficar internado na UTI por complicaçõ­es da Covid-19

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