Teste de fogo na economia
O ano de 2021 será de desafios gigantescos para a equipe econômica do governo federal. Depois de fazer o combate ao incêndio, é chegada a hora de lidar com a terra arrasada. Enquanto alguns setores apresentam uma recuperação um pouco mais saliente, como é o caso da indústria, outros que são mais vulneráveis às medidas de combate ao contágio da Covid-19 ainda amargam os prejuízos, sem perspectivas de melhoria substancial a curto prazo.
É o caso do setor de serviços. Pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), nesta quarta-feira (13), apontou a sexta alta seguida, com crescimento de 2,6% em novembro, pouco para fazer frente ao acúmulo de perdas durante praticamente todo o ano passado. Com recuperação mais lenta desde a reabertura da economia, o volume de vendas dos serviços ainda está 3,2% abaixo do registrado em fevereiro, antes da chegada da Covid-19 ao Brasil.
Serviços é o setor que mais emprega no país e é a peça fundamental para a economia de muitos municípios brasileiros, como Londrina. O gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, apontou que as atividades presenciais são as que enfrentam mais obstáculos para recuperarem o nível pré-pandemia, como os ramos de restaurantes, hotéis e transportes.
A impossibilidade de se fazer previsões torna o cenário nebuloso principalmente para quem mais sofre com a insegurança. É o caso das papelarias de Londrina, que viram o movimento cair até 90% no começo deste ano em comparação a anos anteriores. Como não há definição para a volta das aulas presenciais, as famílias optam por adiar a compra dos materiais escolares dos filhos para comprar itens de primeira necessidade.
E é justamente aí que mora um dos principais problemas. O preço dos itens da cesta básica não para de subir, aumentando a inflação a níveis preocupantes, principalmente para as famílias mais pobres. Com o fim do pagamento do auxílio emergencial e do benefício emergencial, que complementava a renda dos trabalhadores em jornada reduzida, o quadro pode se agravar ainda mais se medidas eficazes não forem tomadas.
Como se pode observar, 2020 terminou, mas a grande lista de problemas que começaram naquele ano está longe de acabar. Será um teste de fogo para Paulo Guedes mostrar a que veio.
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