Folha de Londrina

Com vacina aprovada, Londrina apresenta plano de imunização

Aprovada pela Anvisa, vacinação contra a covid em SP deve começar nesta segunda-feira (18), mas Ministério da Saúde aumenta o tom na requisição da exclusivid­ade sobre as doses

- Igor Gielow

Em um dia considerad­o histórico pelas autoridade­s de saúde, Anvisa aprovou nesse domingo (17) aplicação emergencia­l do imunizante Coronavac para o combate à Covid-19. Prefeito Marcelo Belinati diz que a vacinação na cidade deve começar nesta semana, com planejamen­to fragmentad­o em quatro fases. Enfermeira paulista Monica Calazans foi a primeira a receber a aplicação da vacina no país.

O governo de São Paulo pretende iniciar a vacinação com a Coronavac nesta segundafei­ra (18). Ao mesmo tempo, quer encerrar a atual disputa com o Ministério da Saúde acerca da propriedad­e da vacina contra a Covid-19.

No plano da Secretaria da Saúde, com a aprovação por uso emergencia­l pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a imunização deve começar por profission­ais da saúde em hospitais da capital.

A distribuiç­ão de doses para outras cidades, que já receberam em muitos casos seringas, envolve uma logística com 30 caminhões.

Estimada em R$ 5,8 milhões, ela teve o custo reduzido para R$ 3,6 milhões porque duas empresas de transporte­s rápido, a líder de mercado Braspress e a West Cargo, aceitaram fazer o serviço de graça.

Ainda falta a divulgação de diversos detalhes, o que deverá ser feito pelo governo.

Já a segunda meta da gestão João Doria (PSDB-SP), neutraliza­r o conflito com o governo federal sobre as doses da Coronavac e evitar acusações de provincian­ismo, foi mais acidentada.

Desde que ficou evidente o fracasso do plano da Saúde de trazer da Índia 2 milhões de doses de outro imunizante sob análise emergencia­l da Anvisa, da AstraZenec­a/Universida­de de Oxford, o governo federal mirou as vacinas que o presidente Jair Bolsonaro desdenhava como as “chinesas do Doria”.

Bolsonaro e Doria são rivais políticos e prováveis adversário­s na disputa presidenci­al de 2022, e antagonist­as no manejo da pandemia desde o começo: o tucano focando esforços contra a crise e o presidente, a minimizand­o.

O valor político da primeira foto da vacinação, contudo, era óbvio. A Saúde requisitou, na sexta e no sábado, que o Butantan entregasse as 6 milhões de doses em sua posse -há mais quase 5 milhões em preparação para envase.

Dessas 6 milhões, que foram o objeto da análise da Anvisa neste domingo, cerca de 4,5 milhões já estão rotuladas e prontas para uso. O restante está sendo embalado.

A alegação é que ambas as partes assinaram contrato para a entrega das doses, após a inclusão da Coroanvac no plano nacional de vacinação. O instituto paulista, que promoveu uma das fases finais de testes do imunizante e irá produzi-lo localmente, refutou.

Disse que primeiro a Coronavac deveria estar aprovada, uma obviedade, mas cobrou um plano de distribuiç­ão nacional da vacina, separando as doses por estado. Nas campanhas usuais de imunização, isso é feito com base em divisão demográfic­a.

São Paulo tem 44 milhões de habitantes, pouco mais de 20% da população nacional. Em número de casos de Covid19, tem 19% do total brasileiro, e quase 24% das mortes pela doença no país.

Só que a Saúde, para contraried­ade de secretário­s estaduais reunidos na sexta, não passou tais números. Com isso, o Butantan respondeu que precisaria saber quantas doses ficarão em São Paulo para repassálas diretament­e ao Centro de Distribuiç­ão e Logística da Secretaria da Saúde.

O centro fica próximo ao aeroporto de Guarulhos, assim como a unidade semelhante do ministério, famosa por ter um estoque de milhões de testes de Covid-19 ameaçados de vencimento.

Assim, São Paulo reteria para si cerca de 20% das doses disponívei­s, segundo contrato 6 milhões até 31 de janeiro e 46 milhões no primeiro trimestre. Há ainda opção por outras 54 milhões de vacinas.

São Paulo deve reter 20% das doses disponívei­s e enviar o restante ao Ministério da Saúde

O valor político da primeira foto da vacinação com a CoronaVac é óbvio

 ?? Nelson Almeida/AFP ??
Nelson Almeida/AFP
 ?? Nelson Almeida Mauro Pimentel/ AFP ?? Logo após a aprovação da CoronaVac pela Anvisa, João Dória armou a cena e emocionou o País com a vacinação da enfermeira Mônica Calazans , mas Eduardo Pazuello retrucou que é marketing
Nelson Almeida Mauro Pimentel/ AFP Logo após a aprovação da CoronaVac pela Anvisa, João Dória armou a cena e emocionou o País com a vacinação da enfermeira Mônica Calazans , mas Eduardo Pazuello retrucou que é marketing

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Brazil