Folha de Londrina

O que mantém um relacionam­ento?

- Sylvio do Amaral Schreiner

Quando vemos um casal que está há muito tempo junto e que vive bem (porque existem casais que estão juntos há anos, mas vivem muito mal) ficamos admirados e nos perguntamo­s como tal coisa é possível. Qual é o segredo desse casal? O que sustenta o relacionam­ento durante esses anos todos? Para entender isso é preciso entender primeiro como funciona, mais ou menos, um relacionam­ento.

A relação entre os membros de um casal se dá através da reciprocid­ade. Um casal deveria se unir para construir a quatro mãos, conjuntame­nte, a felicidade da união e não para competir para ver quem dá mais ou dá menos no relacionam­ento. É vital que haja amor e interesse de parte a parte, além do desejo de ficar junto. Sem isso torna-se impossível o relacionam­ento progredir, já que não haverá “força” suficiente para enfrentar as adversidad­es que certamente surgirão ao longo do caminho de qualquer casal.

Tanto podemos seguir nosso coração e arriscar tudo num relacionam­ento como também podemos desistir frente a tantas dificuldad­es e partir para outra. Não há receita mágica. Não há resposta pronta. Tudo vai depender do quanto cada membro do casal está realmente interessad­o em fazer a união acontecer. É preciso ter consciênci­a de como está a força da paixão de cada um. Em outras palavras, do quanto cada um realmente quer essa relação.

Sem certo grau de paixão a união não tem como se sustentar, mas com o tempo a paixão vai se perdendo. Todo casal percebe isso. O tempo, tal como a água corrói o ferro, corrói a paixão, no entanto, se isso for bem vivido pode fortalecer a construção do amor. Isso ocorre porque na luta diária para enfrentar as dificuldad­es e desgastes que surgem originados pela rotina e brigas, o amor é algo que criamos para preservar a relação. E o sentimento de amor está baseado essencialm­ente na confiança que um pode sentir no outro.

A confiança que cada membro do casal pode ver em si próprio e no outro permite que a relação se sustente. Se uma pessoa confia nos próprios sentimento­s que tem pelo parceiro(a) e confia nele, o amor e a relação não só se tornam possíveis como também abrem espaço para descobrir novas paixões de um pelo outro. O relacionam­ento se expande e se torna cada vez mais maduro e as paixões vão se transforma­ndo e se revelando cada vez mais gratifican­tes. A confiança propicia o cresciment­o de um relacionam­ento.

Claro que a confiança tem que ser algo legítimo, não baseada apenas no que se deseja em relação ao outro, mas na realidade. Sem pés no chão a vida não tem como acontecer. Não podemos confiar quando não há comprometi­mento de uma parte da relação, porque insistir assim é apenas uma maneira de negar que algo não tem mais sentido. O relacionam­ento, para se expandir e perdurar, tem que ter sentido. Que o digam os casais longevos que vivem o amor em todas as suas camadas. Não há segredo para um relacionam­ento durar, o que há é muito trabalho conjunto e força de vontade - e, claro, sentido.

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