Professores protestam por aulas de filosofia, sociologia e artes
Seed reduziu carga de disciplinas e incluiu educação financeira na grade curricular
Professores da rede estadual de ensino se reuniram na manhã desta segunda-feira (18), em frente ao Núcleo Regional de Educação em Londrina, para protestar contra a redução da carga horária das disciplinas de filosofia, sociologia e artes no ensino médio. Faixas foram fixadas nos portões e o grupo criticou as alterações feitas pelo governo do Estado.
A redução de duas para uma aula semanal para cada uma das disciplinas foi oficializada pela Seed-PR (Secretaria de Estado da Educação e do Esporte) em instrução normativa assinada em 16 de dezembro. A mudança faz parte da matriz curricular única criada para o ensino médio no Paraná.
“Isso tudo significa uma formação de subcidadania porque quando as pessoas não têm condições de entender o contexto social em que vivem, elas também passam a não ter condições de se enxergar enquanto cidadãos. É um impacto que vai ser refletido em gerações. Todas as disciplinas têm a sua importância. É justamente o conjunto delas que completa a formação cidadã. Isso é um prejuízo não só para os professores, mas para a sociedade como um todo”, lamentou o professor de sociologia Eber Prado Ferreira.
Além da diminuição na quantidade de aulas de filosofia, sociologia e artes, a Seed-PR estabeleceu quatro aulas semanais de língua portuguesa, três de matemática e incluiu a disciplina de educação financeira na grade curricular com uma aula por semana.
“A educação financeira sempre foi feita de forma transversal. Outros professores trabalham a questão do consumismo, da inflação, do custo de vida e o professor de matemática reforça isso, mas são conteúdos que se complementam. Educação financeira a gente trabalha em filosofia, sociologia, matemática, português... É muito difícil, é muito triste tudo isso. Nós estamos regredindo para a década de 1980”, criticou o professor de matemática Nelson Antônio da Silva.
A dificuldade em abordar todo o conteúdo necessário em apenas uma aula de artes por semana também foi mencionada por docentes da área. “O nosso conteúdo é bem complexo. Temos quatro áreas: artes visuais, teatro, música e dança. Com uma aula semanal, os alunos vão perder muito conteúdo que precisaria ser trabalhado. Já tivemos só uma aula na rede estadual e essa volta para nós é um retrocesso”, afirmou a professora Nilce Giansante. “Já no final da carreira, eu nunca pensei que teria que passar por isso. É muito triste”, completou a professora Regina Célia Fagotti.
Além dos professores concursados, docentes que costumam atuar por meio do PSS (Processo Seletivo Simplificado) também criticaram a alteração feita pelo governo do Estado somente após o pagamento das inscrições para a seleção de 2021.
“O governo aplica a prova para PSS ofertando duas disciplinas de filosofia, sociologia e artes, depois muda. Nós, professores temporários, sabemos que não vai ter aula nem para os concursados. Então o governo fez uma propaganda enganosa. Se essa alteração tivesse sido feita antes do período de inscrições para a prova, muitos candidatos nem teriam pago”, ressaltou o professor Walfredo Barbosa.
A Seed-PR destacou que está em conversa com professores e educadores sobre a alteração de carga horária da matriz curricular do ensino médio. “A nova matriz curricular já está sendo implementada no sistema de todas as escolas, e o processo de matrícula de estudantes nesta nova matriz já está em andamento, desde o final do ano de 2020. A mudança garante que os estudantes de todas as séries do ensino médio da rede estadual tenham 13 disciplinas no total contemplando todos os estudantes com todas as matérias.”
De acordo com a pasta, a disciplina de Artes, por exemplo, passa a ser lecionada em todas as três séries do ensino médio. “Além das alterações citadas, há também a garantia de quatro aulas semanais de língua portuguesa e três de matemática para toda a rede estadual o que vai permitir o aprofundamento destas disciplinas. No ensino médio será implementada a disciplina de educação financeira, para auxiliar os estudantes a utilizar bens financeiros de forma mais consciente.”(Colaborou
Vítor Ogawa)