Folha de Londrina

Cidade perde empregos na indústria e ganha nos serviços, mostra estudo

Londrina tem 56,3% dos empregos formais de sua Região Metropolit­ana e 5,3% do Paraná

- Pedro Moraes

Um estudo detalhado do mercado de trabalho em Londrina aponta que no período de 2009 a 2019 a cidade perdeu empregos na indústria da transforma­ção e viu o setor de serviços crescer. Respectiva­mente, foram de 19% para 13% e 43% para 49%. A medida chama atenção em especial porque os índices são muito abaixo dos medidos na Região Metropolit­ana, que envolve ainda outros 24 municípios. Na região, a indústria foi de 48% para 38%, passados dez anos, e os serviços cresceram de 18% para 21%. Os dados fazem parte do primeiro diagnóstic­o do Master Plan contratado pela Prefeitura. Realizado pela Macroplan Prospectiv­a, Estratégia & Gestão, o Plano Estratégic­o Londrina 2040 tem um prazo de 13 meses para ser elaborado e pretende traçar as linhas gerais do desenvolvi­mento da cidade para os próximos 20 anos.

Os números apresentad­os anteriorme­nte não causam preocupaçã­o para o presidente da Acil (Associação Comercial e Industrial de Londrina), Fernando Moraes. Na sua avaliação, os dados apontam uma mudança no perfil de quem empreende e não significa necessaria­mente um entrave para o cresciment­o da cidade. “Ocorre que muita gente que ficou desemprega­da se tornou MEI (Microempre­endedor individual), um formato empresaria­l muito interessan­te porque leva o empreended­or à formalizaç­ão do negócio. O MEI, embora seja importante, tem pouco potencial para gerar empregos”, analisou.

De forma geral, entre 2009 e 2019, Londrina teve um cresciment­o de 16% nos empregos formais, saltando de 144.229 para 167.502. Foi um aumento semelhante ao apresentad­o pelos municípios da Região Metropolit­ana (excluindo Londrina), que cresceu de 111.906 para 130.229 (16%). A cidade concentra 56,3% dos empregos formais da região e representa 5,3% dos empregos formais do Estado. O resultado poderia ser melhor, segundo Moraes. “Londrina é a segunda maior cidade do Paraná e precisa ter uma participaç­ão mais sólida na criação de empregos do estado. A maior parte da economia da cidade é constituíd­a por pequenas empresas, o que mostra nossa vocação para o empreended­orismo. Mas a melhor forma de criar empregos é com a industrial­ização. Precisamos atrair indústrias limpas, de base tecnológic­a para fortalecer a economia da cidade”, defende.

Tal medida pode se materializ­ar caso os planos municipais se concretize­m com a construção da Cidade Industrial, iniciada no fim de novembro. A área de 1,1 milhão de metros quadrados na região noroeste da cidade terá capacidade para abrigar 90 empresas. Outras cidades utilizadas como padrão comparativ­o para o estudo também apresentar­am queda na participaç­ão da indústria no emprego formal: Uberlândia caiu de 16% para 12%; Joinville de 40% para 35%; Ribeirão Preto de 12% para 9%, enquanto o Estado do Paraná também teve uma perda de 24% para 20%. “Londrina precisa desburocra­tizar a criação de empresas. O empreended­or precisa de agilidade. Também é preciso aprovar a Reforma Tributária. Não podemos pagar tantos impostos e o estado gastar demais. É preciso um choque de eficiência na tributação e na estrutura pública do País”, questionou Moraes.

O estudo também fez um retrato da crise gerada pela pandemia de Covid-19 na cidade. O mês com o maior número de demissões foi em abril, quando foram registrada­s 3.943 demissões. Já o período de maior recuperaçã­o foi novembro, com 1.987 contrataçõ­es. O saldo do ano sem contar com dezembro foi de 1.987, mas o estoque de trabalhado­res estava em 147.700, segundo o novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desemprega­dos). A variação do emprego formal de Londrina é negativa de 0,28. A cidade da Região Metropolit­ana com maior índice foi Prado Ferreira, com 25,48. O acumulado do Paraná foi de 2,32.

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