Folha de Londrina

Em meio a nova alta da pandemia, Câmara terá eleição presencial

A decisão foi tomada em reunião da Mesa da Casa, com pressão do centrão, e contraria Maia, que defendia um pleito no dia 2 de forma eletrônica por conta do risco de contágio

- Julia Chaib e Gustavo Uribe

Brasília

- Após pressão do bloco do centrão, a Câmara dos Deputados decidiu nessa segunda-feira (18) que a eleição para a sucessão de Rodrigo Maia (DEM-RJ) será no dia 1º de fevereiro, em uma votação presencial. A decisão foi tomada em reunião da Mesa da Casa e contraria Maia, que defendia um pleito no dia 2 de forma eletrônica.

A Câmara tem 513 deputados e nas últimas eleições a votação ocorreu dentro do plenário da Casa, que é um ambiente fechado a ventilação externa, sem janelas, propício para transmissã­o do coronavíru­s.

Para esta eleição, que ocorrerá em meio a nova alta de casos de Covid-19, parlamenta­res estudam colocar urnas no salão verde e outras salas da Câmara e promover uma votação com horários pré-estabeleci­dos para grupos de deputados e no esquema “drive-thru”.

Segundo relatos feitos à Folha de S.Paulo, a definição do dia e da forma da votação teve um placar apertado, de 4 votos a 3. A decisão representa uma vitória para o líder do centrão, Arthur Lira (PP-AL), aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido),

“Geralmente é dia 2, mas não sei por que parte dos membros da Mesa entendeu que teria de ser dia 1. Acho que vai acabar sendo dia 1 à noite, seria melhor começar dia 2 pela manhã. Mas isso não é o maior problema. E se decidiu por maioria, contra o meu voto, não ter nenhuma flexibilid­ade de votação remota para os grupos de risco”, disse Maia em entrevista após a reunião.

“Temos de mobilizar mais de 2.000 funcionári­os, tem a imprensa, de alguma forma é uma circulação mínima de 3.000 pessoas no dia”, afirmou o deputado.

RESISTÊNCI­A

Para evitar aglomeraçõ­es no dia da votação, Maia queria que a votação ocorresse no dia 2, um dia depois do pleito no Senado, e de forma virtual. Com a resistênci­a de líderes partidário­s, ele chegou a sugerir que pelo menos grupos de risco votassem de forma virtual.

Lira, no entanto, era contra e vinha fazendo críticas públicas a Maia. Segundo ele, o presidente vinha adotando posturas monocrátic­as e vinha perdendo a isenção para conduzir o processo de sua sucessão. O grupo de Lira, que é o candidato de Bolsonaro, argumentav­a que Maia queria promover no dia 2 para que o MDB no Senado pressionas­se deputados federais a votarem em Baleia Rossi (MDB-SP), nome de Maia.

A tese era a de que, caso a senadora Simone Tebet (MDBMS) sofresse uma derrota para o senador Rodrigo Pacheco (DEMMG), o MDB iria fazer uma ofensiva na Câmara para garantir o controle de pelo menos uma das Casas.

Em entrevista a jornalista­s na manhã dessa segunda, Lira criticou o que chamou de “atos absolutist­as” do presidente da Câmara. “Estamos discutindo há três semanas para saber como será a eleição para presidente da Câmara. Além de todo o aspecto regimental, temos maioria formada na Mesa para regrar esse assunto [eleições para a presidênci­a], que não podem ser exercidas por atos absolutist­as, antidemocr­áticos, pessoais do presidente atual”, disse Lira.

Apesar de terem derrotado o grupo do líder do centrão em relação à data e ao modelo de votação, aliados de Baleia Rossi tiveram uma vitória após ser adiada discussão sobre a possibilid­ade de deputados do PSL que estão suspensos do partido terem suas assinatura­s validadas para o partido ingressar no bloco de apoio a Lira. O debate ficou para depois após Maia conceder pedido de vista do presidente do PSL, Luciano Bivar (PE). Oficialmen­te, o PSL estará no bloco de apoio a Rossi. Uma parte do partido, porém, prefere Lira e articulou uma lista com 32 assinatura­s de 52 parlamenta­res para que a sigla embarque oficialmen­te no bloco do líder do PP – o apoio é importante para contar o número de deputados e garantir preferênci­a na Mesa diretora.

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Najara Araújo/Câmara dos Deputados Rodrigo Maia (DEM-RJ) estima que cerca de 3 mil pessoas estarão presentes no dia da votação para a eleição do novo presidente da Câmara, em fevereiro: deputados preveem esquema “drive-thru”

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