Folha de Londrina

Presidente da Assembleia de SC é preso em operação da PF

Segunda fase da Operação Alcatraz apura desvios de verbas em contratos de gestões anteriores do governo local

- Katna Baran

Curitiba

- O presidente da Assembleia Legislativ­a de Santa Catarina, deputado Julio Garcia (PSD), foi preso nessa terça-feira (19) na segunda fase da Operação Alcatraz, que apura desvios de verbas em contratos de gestões anteriores do governo estadual.

Segundo a assessoria do parlamenta­r, ele foi levado pela Polícia Federal para prestar esclarecim­entos, quando teve a prisão decretada.

Como Garcia tem mais de 70 anos, a prisão foi convertida em domiciliar, com uso de tornozelei­ra eletrônica. Ainda de acordo com a assessoria, o advogado do deputado só vai se pronunciar quando tiver completo acesso aos autos e aos motivos da detenção.

Nesta fase da operação, denominada Hemorragia, a Justiça Federal emitiu, ao todo, 11 mandados de prisão preventiva, nove de prisão temporária, além de 34 mandados de busca e apreensão, nas cidades de Florianópo­lis, Joinville, Biguaçu e Xanxerê.

O Ministério Público Federal, que conduz as investigaç­ões juntamente com a PF, não confirmou os nomes dos envolvidos.

Segundo o órgão, a Justiça também autorizou o bloqueio de valores e imóveis de 17 investigad­os e 14 empresas supostamen­te envolvidas nas fraudes e desvios. Outros 14 veículos, vários classifica­dos como de luxo, foram apreendido­s.

A Justiça determinou ainda o sequestro de sete imóveis, entre apartament­os, terrenos, casas e vagas em garagem, que estavam em nome de familiares ou empresas relacionad­as a um dos suspeitos e de dois veículos por ele utilizados.

INVESTIGAÇ­ÃO

A investigaç­ão teve início em julho de 2018, a partir da constataçã­o de sonegação de impostos com indícios de desvios de verbas públicas apontados pela Receita Federal. O MPF afirma que este “representa o maior esforço de combate à corrupção já ocorrido” em Santa Catarina.

As suspeitas envolvem principalm­ente a empresa responsáve­l pela gestão do plano de saúde dos servidores estaduais e empresas da área de tecnologia da informação.

Por meio de nota, a Secretaria de Administra­ção de Santa

Catarina informou que enviou ofício à PF solicitand­o mais informaçõe­s sobre os processos em curso e que outras medidas “somente poderão ser adotadas após ciência concreta da situação”.

A investigaç­ão apura supostos desvios em contratos de gestões anteriores do governo estadual, entre os anos de 2006 e 2018, firmados por diversas secretaria­s, principalm­ente pela pasta da saúde, empresas estatais (Casan, Celesc e Epagri) e pela Assembleia Legislativ­a.

Em oito anos, entre 2011 e 2019, os contratos da área da saúde envolveram cerca de R$ 400 milhões. Deste valor, segundo o MPF, ao menos R$ 66,5 milhões foram desviados e pagos em propina para agentes públicos.

Já uma das empresas de tecnologia da informação recebeu aproximada­mente R$ 76,4 milhões em dez anos, entre 2009 e 2019, e teria desviado ao menos R$ 26 milhões para pagar propina.

As licitações e contratos foram analisados por técnicos do Ministério Público de Contas de Santa Catarina, que cruzaram os dados com elementos obtidos pela Operação Alcatraz.

O esquema, conforme o apurado, envolvida fraude e direcionam­ento de licitações para as empresas previament­e escolhidas. As contrataçõ­es também eram prorrogada­s indevidame­nte, segundo o MPF, benefician­do os investigad­os.

Investigaç­ões apuram sonegação de impostos com indícios de desvios de verbas apontados pela Receita Federal

 ?? Bruno Collaço/Agência AL ?? Como tem mais de 70 anos, Julio Garcia (PSD) teve a prisão convertida em domiciliar, com uso de tornozelei­ra: Justiça autorizou bloqueio de valores e imóveis de 17 investigad­os e 14 empresas
Bruno Collaço/Agência AL Como tem mais de 70 anos, Julio Garcia (PSD) teve a prisão convertida em domiciliar, com uso de tornozelei­ra: Justiça autorizou bloqueio de valores e imóveis de 17 investigad­os e 14 empresas

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