Mercado de seminovos fecha dezembro com alta de 26% na venda de carros
Ano terminou com queda de 4,3% nas vendas em comparação com 2019, mas após recuperação gradual, dezembro registriou alta de 26,6% em veículos comercializados
O setor de veículos seminovos fechou o ano de 2020 com bons resultados depois de um período de apreensão do mercado por conta da pandemia. Apesar de o acumulado do ano apontar um volume menor de vendas na comparação com 2019, com retração de 4,3%, a recuperação gradual iniciada no último quadrimestre reaqueceu o negócio de usados e dezembro chegou ao fim com alta de 26,6% sobre igual mês do ano anterior, segundo dados divulgados pela Assovepar (Associação dos Revendedores de Veículos Automotores no Estado do Paraná).
Em todo o ano de 2020, foram comercializadas 1.101.283 unidades de veículos seminovos contra 1.149.095 unidades que saíram das concessionárias em 2019, diferença que corresponde a uma queda de 4,3%. Mas nos últimos meses do ano, no entanto, o comparativo mostra melhores resultados em 2020 em relação ao ano anterior. Em novembro, a alta foi de 3,3% e em dezembro, 26,6%. No último mês do ano passado, foram vendidos 114.596 veículos contra 110.882 em novembro de 2020 e 90.452 em dezembro de 2019.
Antes do início da pandemia, o setor projetava incremento nas vendas para 2020, animado com os números computados em 2019. Os três primeiros meses vinham confirmando as boas expectativas, mas a suspensão das atividades econômicas não essenciais decretada no final de março pelos municípios como medida de controle e prevenção contra a Covid-19 derrubou drasticamente as vendas, desanimou os empresários e trouxe preocupação em relação ao futuro. “Ficamos bastante assustados”, recorda o proprietário da Instacar, Leonardo Mota.
REAQUECIMENTO
Abril e maio foram os piores meses, com volume de vendas perto de zero. Mas quando os consumidores voltaram às concessionárias, o mercado imediatamente reaqueceu. “O fato de as fábricas não estarem mandando carros novos fez crescer a busca por seminovos. Foi uma procura surpreendente”, comentou Mota, que fechou o balanço de 2020 com acréscimo de 20% nas vendas em relação ao ano anterior. “Recuperamos os dois meses em que ficamos parados”, comemorou o empresário.
Além da interrupção das atividades nas montadoras, Mota cita outros fatores que motivaram a alta na procura por carros usados. Os benefícios e auxílios emergenciais pagos pelo governo federal elevou o poder de compra da população e muitas pessoas passaram a evitar o uso do transporte coletivo e dos carros por aplicativo. “E muita gente que não perdeu a sua renda começou a ver que o dinheiro estava sobrando. Gente que costumava gastar com viagens e restaurantes, por exemplo, conseguiu economizar e decidiu trocar de carro”, analisou Mota. A maior procura, disse ele, é por veículos entre R$ 30 mil e R$ 60 mil, que sumiram do estoque. “Estou procurando modelos nessa faixa de preço e não estou conseguindo encontrar.”
Proprietário da Caldarelli Veículos, Maruan Caldarelli também ficou satisfeito com os resultados contabilizados pela sua empresa no ano passado. Ele não revelou o percentual de acréscimo nas vendas, mas confirmou os bons resultados. “As vendas, a partir de junho, foram gradativamente melhorando e o quarto trimestre foi muito bom”, disse. Otimista para 2021, o empresário tornou-se representante de uma montadora sul-coreana e será o responsável pelas vendas dos modelos da marca em Londrina e Maringá. “Se for analisar o ano, as minhas vendas ficaram abaixo do ano anterior, mas nos meses em que houve uma melhora, os resultados ficaram acima do registrado nos mesmos meses de 2019. E esse ano foi melhor porque expandi os meus negócios.”
CONFIANÇA
Na análise do presidente da Assovepar, César Lançoni Santos, os resultados frustraram as expectativas feitas no início de 2020, mas o balanço final revela que a economia está “pulsante”.
“Há uns 90, 120 dias, as pessoas perderam o medo da recessão. Estão comprando, financiando, trocando de carro. Estamos em um momento crítico em relação à pandemia, mas as pessoas, há mais de 120 dias, se tocaram de que têm que tocar a vida e é a confiança que leva a essa retomada. Se a população estiver sem confiança, não vai fazer uma dívida de longo prazo.”
Santos avalia que os números do mercado de seminovos em 2020 poderiam ter sido ainda melhores se as montadoras não tivessem interrompido a produção e houvesse a oferta normal de veículos, teríamos superado os números de 2019 mesmo com a pandemia. “Muita gente não trocou de carro porque faltou carro zero quilômetro.”
Diante da promessa de vacina, para este ano, afirmou Santos, as expectativas para o setor são bastante otimistas. “Estamos em uma curva ascendente bem positiva no Paraná, o mercado está positivo. A economia está forte e independente da pandemia e a gente vê isso em muitos setores. O resultado da vacina é imediato. Quando tiver os grupos de alto risco imunizados, você resolve 70% do problema.”
As vendas, a partir de junho, foram gradativamente melhorando e o quarto trimestre foi muito bom”