Retomada, escolas por ensino presencial
impetrou nesta quarta-feira na Secretaria Municipal de Saúde um ofício solicitando um retorno gradual, que seria concluído no começo de março. “Evidentemente que com os protocolos de distanciamento, a maioria das turmas seria forçada a rodízios e ao ensino híbrido”, lembra o presidente do Sinepe NPR, Auderi Ferraresi.
A reportagem tentou ouvir a secretária municipal de Educação, Maria Tereza Paschoal de Morais, mas ela disse que preferia não comentar o assunto, O Núcleo de Comunicação também não deu retorno. Na sua famosa live semanal, o prefeito Marcelo Belinatti explicou que a volta às aulas só será anunciada quando não houver riscos para alunos e professores. Ele pediu paciência aos críticos e lembrou que a vacinação contra o coronavírus já é uma realidade.
Mas as atividades preparatórias nas escolas estão mantidas, embora grande parte no formato online. As respectivas direções, os professores e outros colaboradores desempenham suas funções como se a retomada fosse realmente acontecer. As semanas nas quais a liminar teve validade, entre outubro e novembro, as escolas aprenderam a operar com as restrições impostas pela pandemia, o que gerou mais confiança nos gestores das unidades.
“O que a gente está percebendo é um grande prejuízo para o desenvolvimento das crianças, que estão perdendo janelas de oportunidades, períodos que naturalmente há um interesse por certos conceitos”, lembra Regina Mangeot, diretora pedagógica da Clover Montessori - Educação Infantil Bilíngue, especializada em educação até os seis anos.
“Estamos fazendo um treinamento intenso dos pais e isso tem nos ajudado muito nas atividades fora da tela. No entanto, muitos não têm tempo ou técnica para aplicar as atividades. De fato, mesmo com todo nosso esforço, não é a mesma coisa de frequentar uma escola diariamente”, lamenta a educadora. Uma pesquisa feita com os pais revelou que 90% é a favor do ensino híbrido, mesmo com a dificuldade de encarar um período de dias diferentes alternados. “O pequeno período de aulas que tivemos durante a pandemia foi o suficiente para mostrar o contentamento das crianças. Era só ver o sorriso no rostinho delas para entender quanta falta faz”, conta Regina.
A gestora de Relações Institucionais do Colégio Interativa, Paula Carvalho, lembra que antes do retorno em outubro já houve adequações na estrutura do colégio, com tapete sanitizante na entrada, instalação de sinalização orientativa, horário escalonado de entrada e instalação de pias extras para a lavagem de mãos. E que tudo está planejado para a operação híbrida. “Os pais estão divididos de modo geral”, admite Paula. “Mas há uma queixa generalizada: a tristeza que as crianças e os adolescentes estão sentindo por não verem os colegas e os professores, por não compartilharem experiências juntos, por não fazerem as atividades recreativas que estão habituadas, o que está afetando o emocional delas, a ponto de algumas terem que recorrer a ajuda profissional. Isso também deve ser avaliado por quem toma as decisões”.
A personal trainer Ana Carolina Braz Pinto está apreensiva com a situação do filho Rodolfo, 17 anos, que cursa em 2021 a última série do ensino médio. O ano crítico na história de qualquer estudante já causaria ansiedade, com todo o peso que carregam as palavras vestibular e Enem. Em 2021, com mais uma boa dose de incerteza no horizonte, as famílias precisam ficar mais atentas ao quadro psicológico dos menores. “Gostaria que voltasse 100% presencial, nos daria mais confiança. A transmissão do vírus por crianças e adolescentes é algo muito raro, apenas em casos muito específicos”, opina Ana Carolina. “No caso do meu filho, um ano letivo normal seria muito importante para recuperar as perdas do ano passado. Isso será muito importante para ele enfrentar os testes para ingressar no ensino superior”.