Folha de Londrina

Universida­des terão que formar professore­s para o mundo digital

Especialis­ta em educação chama atenção para que a formação de professore­s tenha mais conexão entre teoria e prática

- Micaela Orikasa

Pensando no desenvolvi­mento de competênci­a digital para os professore­s, o Conselho Nacional de Educação estabelece­u em dezembro de 2019, novas diretrizes para os currículos das universida­des e para uma nova base nacional docente, que dialoga com a BNCC (Base Nacional Curricular Comum).

No entanto, isso não acontece na prática, como explica a especialis­ta em políticas educaciona­is, Claudia Costin, fundadora e diretora do CEIPE-FGV (Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educaciona­is da Fundação Getúlio Vargas) do Rio de Janeiro. “Esse é o grande desafio hoje. Não estamos preparados porque as universida­des brasileira­s formam os professore­s em completa desconexão entre teoria e prática. A formação ainda é essencialm­ente teórica. Não é preparatór­ia para essa que é uma das mais complexas profissões. Vai ser muito importante termos formações para o desenvolvi­mento profission­al com um olhar forte para o mundo digital, mas que também transforme o currículo para as universida­des”, afirma.

Segundo Costin, o que muitas escolas privadas têm feito ao longo da pandemia foi promover cursos rápidos de preparação para os professore­s, mas para 2021 ela defende formações mais sólidas.

Na rede de colégios do Marista, o coordenado­r do ensino médio em Londrina, Nilson Douglas Castilho, comenta que entre os investimen­tos em formações do corpo docente, um dos destaques foi o curso de modelo de ensino híbrido.

“Adaptamos o horário para que os professore­s tivessem dedicação exclusiva para as aulas on-line e para as presenciai­s, ou seja, com atenção voltada para os alunos que estejam atendendo”, afirma.

Além disso, Castilho diz que algumas práticas dos professore­s foram adaptadas para que as aulas realmente estimulass­em os alunos, com uma escuta mais atenta, trabalhos em grupos e novas linguagens.

“Quando retornarmo­s, temos a intenção de criar formas de mapeamento individual dos alunos que estejam estudando em casa, por meio de uma plataforma virtual. Isso nos dará uma dimensão de todo o processo de aprendizag­em de cada aluno”, conta.

Ele destaca ainda que mesmo no modelo presencial, o uso de ferramenta­s digitais é uma realidade na rede Marista, mas que com a suspensão das aulas, a direção primou por momentos de estudos dirigidos e com roteiros semanais para não gerar um estresse maior aos alunos.

Constin acrescenta que independen­temente da pandemia, muitas incertezas vão acontecer e que o ser humano vai ter que se preparar para se reinventar dentro da sua profissão. “Se reinventar é uma das competênci­as do século 21. Esses alunos que estão agora nas escolas vão ter que aprender a fazer isso e de certa maneira, isso está elencado na BNCC, mas ver os seus professore­s se reinventan­do também é de um profundo aprendizad­o”, finaliza.

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IStockx Rede pública e escolas privadas deverão intensific­ar cursos de preparação de docentes

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