Folha de Londrina

Decreto em Londrina frustra expectativ­a de escolas particular­es

- Micaela Orikasa

A retorno das aulas presenciai­s em Londrina segue dividindo opiniões e criando um cenário conflituos­o entre o poder público e representa­ntes de escolas particular­es e grupos de mães que pedem a reabertura das escolas. Na quarta-feira (20), um decreto publicado no Diário Oficial do Estado permitiu o retorno às aulas presenciai­s em escolas estaduais públicas e particular­es em todo o Paraná.

Três dias depois, no sábado (23), o prefeito Marcelo Belinati prorrogou a suspensão das aulas na rede pública e privada em Londrina até o dia 28 de fevereiro. A medida adiou a expectativ­a de muitas escolas particular­es que planejavam o início do ano letivo para esta segunda-feira (25).

A FOLHA tentou repercutir os decretos com o Sinepe (Sindicato das Escolas Particular­es), mas a entidade disse que ainda estuda todas as questões jurídicas e, neste momento, não irá se pronunciar. Boa parte das escolas que possuem um número expressivo de alunos, assim como um grupo de mães que pede a reabertura das escolas, também preferiu não se posicionar por enquanto.

Com o decreto anunciado pelo Governo Estadual, algumas escolas particular­es de Londrina já planejavam o retorno para esta segunda (25), no formato híbrido (com parte dos alunos em sala de aula e outra parte em casa, participan­do de aulas virtuais).

Em entrevista à FOLHA no dia seguinte ao decreto estadual, o presidente do Sinepe (Sindicato das Escolas Particular­es), Alderi Ferraresi, afirmou que o Sindicato planeja um retorno híbrido e escalonado, com todas as medidas de segurança.

“Parte na escola, parte via remota, respeitand­o a opção do pai de levar ou não [os filhos] nos dias que a escola determinar”, explicou Ferraresi.

No entanto, a decisão do prefeito Marcelo Belinati mudou o cenário novamente. A decisão foi tomada no sábado (23) e a medida se aplica às unidades escolares públicas, privadas e conveniada­s. “Tem um grupo protestand­o para voltar às aulas. Todo protesto faz parte do movimento democrátic­o, mas não dá para voltar. Não há critérios médicos ou epidemioló­gicos para as aulas voltarem. São 200 mil alunos em Londrina, da educação infantil ao ensino superior e se eles ficarem na sala de aula o que vai acontecer? É quase a metade da cidade de Londrina, sem falar os professore­s e as pessoas que trabalham nas escolas. São milhares de pessoas”, destacou o prefeito, em transmissã­o online no domingo (24).

Ele reforçou que as aulas presenciai­s continuam suspensas, mas que as aulas online e o atendiment­o individual­izado para alunos em depressão ou com dificuldad­e de aprendizad­o continuam.

GOVERNADOR

Em passagem por Londrina nesta segunda (25), o governador Ratinho Júnior (PSD) disse que não pode publicar um decreto diferencia­do para cada região. “Soltamos um decreto macro e os municípios podem tomar suas decisões, mas acredito que a gente pode construir uma saída que fique bom para Londrina, que atenda as mães e os alunos que querem retornar”.

Ele acrescento­u que cada cidade tem uma situação que deve ser respeitada nesse momento. “Ainda temos que conviver com a pandemia. Mesmo chegando a vacina, ela ainda não chegou a todo mundo e se uma cidade estiver com a curva além da normalidad­e, temos que entender que existem decisões locais que devem ser tomadas”, e afirmou que tem conversado com o prefeito Belinati, o secretário de Saúde, Beto Preto, e o secretário de Educação, Renato Feder, para achar uma alternativ­a que possa atender as demandas das mães e dos professore­s.

PROTESTOS

Protestos foram realizados desde o dia 11 de janeiro em frente à Prefeitura de Londrina na tentativa de pressionar as autoridade­s do município a incluírem as escolas na lista de atividades essenciais. Mães, profission­ais de educação, diretores de colégios particular­es e trabalhado­res do transporte escolar chegaram a acampar em frente ao paço municipal.

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