Decreto em Londrina frustra expectativa de escolas particulares
A retorno das aulas presenciais em Londrina segue dividindo opiniões e criando um cenário conflituoso entre o poder público e representantes de escolas particulares e grupos de mães que pedem a reabertura das escolas. Na quarta-feira (20), um decreto publicado no Diário Oficial do Estado permitiu o retorno às aulas presenciais em escolas estaduais públicas e particulares em todo o Paraná.
Três dias depois, no sábado (23), o prefeito Marcelo Belinati prorrogou a suspensão das aulas na rede pública e privada em Londrina até o dia 28 de fevereiro. A medida adiou a expectativa de muitas escolas particulares que planejavam o início do ano letivo para esta segunda-feira (25).
A FOLHA tentou repercutir os decretos com o Sinepe (Sindicato das Escolas Particulares), mas a entidade disse que ainda estuda todas as questões jurídicas e, neste momento, não irá se pronunciar. Boa parte das escolas que possuem um número expressivo de alunos, assim como um grupo de mães que pede a reabertura das escolas, também preferiu não se posicionar por enquanto.
Com o decreto anunciado pelo Governo Estadual, algumas escolas particulares de Londrina já planejavam o retorno para esta segunda (25), no formato híbrido (com parte dos alunos em sala de aula e outra parte em casa, participando de aulas virtuais).
Em entrevista à FOLHA no dia seguinte ao decreto estadual, o presidente do Sinepe (Sindicato das Escolas Particulares), Alderi Ferraresi, afirmou que o Sindicato planeja um retorno híbrido e escalonado, com todas as medidas de segurança.
“Parte na escola, parte via remota, respeitando a opção do pai de levar ou não [os filhos] nos dias que a escola determinar”, explicou Ferraresi.
No entanto, a decisão do prefeito Marcelo Belinati mudou o cenário novamente. A decisão foi tomada no sábado (23) e a medida se aplica às unidades escolares públicas, privadas e conveniadas. “Tem um grupo protestando para voltar às aulas. Todo protesto faz parte do movimento democrático, mas não dá para voltar. Não há critérios médicos ou epidemiológicos para as aulas voltarem. São 200 mil alunos em Londrina, da educação infantil ao ensino superior e se eles ficarem na sala de aula o que vai acontecer? É quase a metade da cidade de Londrina, sem falar os professores e as pessoas que trabalham nas escolas. São milhares de pessoas”, destacou o prefeito, em transmissão online no domingo (24).
Ele reforçou que as aulas presenciais continuam suspensas, mas que as aulas online e o atendimento individualizado para alunos em depressão ou com dificuldade de aprendizado continuam.
GOVERNADOR
Em passagem por Londrina nesta segunda (25), o governador Ratinho Júnior (PSD) disse que não pode publicar um decreto diferenciado para cada região. “Soltamos um decreto macro e os municípios podem tomar suas decisões, mas acredito que a gente pode construir uma saída que fique bom para Londrina, que atenda as mães e os alunos que querem retornar”.
Ele acrescentou que cada cidade tem uma situação que deve ser respeitada nesse momento. “Ainda temos que conviver com a pandemia. Mesmo chegando a vacina, ela ainda não chegou a todo mundo e se uma cidade estiver com a curva além da normalidade, temos que entender que existem decisões locais que devem ser tomadas”, e afirmou que tem conversado com o prefeito Belinati, o secretário de Saúde, Beto Preto, e o secretário de Educação, Renato Feder, para achar uma alternativa que possa atender as demandas das mães e dos professores.
PROTESTOS
Protestos foram realizados desde o dia 11 de janeiro em frente à Prefeitura de Londrina na tentativa de pressionar as autoridades do município a incluírem as escolas na lista de atividades essenciais. Mães, profissionais de educação, diretores de colégios particulares e trabalhadores do transporte escolar chegaram a acampar em frente ao paço municipal.